terça-feira, 28 de julho de 2015

“Combati o bom combate”.  Atos 28:30-31.



Introdução: O testemunho de Paulo de Tarso.

Antes de sua conversão: “Porque ouviste qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantaja-me a muitos na minha idade, sendo extremamente zeloso pelas tradições de meus pais” (Gl 1.13,14). Paulo menciona dois aspectos da sua vida antes da regeneração: a perseguição à igreja e o seu entusiasmo pelas tradições dos seus pais (v.14). Em ambos, diz ele, era fanático. Paulo perseguia a igreja com violência. Ele ia de casa em casa em Jerusalém, prendendo todos os cristãos que encontrasse, homens e mulheres, e arrastando-os para cadeia (Atos 8.3).

Ele fora igualmente fanático em seu entusiasmo pelas tradições judaicas. “Fui um dos judeus mais religiosos do meu tempo e procurava seguir com todo cuidado as tradições dos meus antepassados” (v.14). Ele fora criado de acordo com a “a seita mais severa” da religião judaica (Atos 26.5), ou seja, era um fariseu e vivia como tal.  Um homem, portanto, nessa condição mental e emocional de maneira alguma mudaria de opinião, nem se deixaria influenciar por outras pessoas. Nenhum reflexo condicionado ou qualquer outro artifício psicológico poderia converter um homem assim. Apenas Deus poderia alcançá-lo – e foi o que Deus fez!

Sua conversão: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios...”. A diferença entre os versículos 13 e 14, de um lado, e os versículos 15 e 16, do outro, é dramaticamente repentina. Nos versículos 13 e 14 Paulo está falando de si mesmo: “perseguia eu a igreja de Deus ... e a devastava... quanto ao judaísmo avantaja-me ... sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais”. Mas nos versículos 15 e 16 ele começou a falar de Deus. FOI DEUS, escreve “que me separou antes de eu nascer”, DEUS, “me chamou pela sua graça”, e a Deus “aprouve revelar seu filho em mim”. A salvação é um dom de Deus ao homem (Efesios 2:8-10; 1 Tm 2:4-6). Nesses versículos temos duas lições:

Primeiro: Deus me separou antes de eu nascer. Assim como Jacó foi escolhido antes de nascer, em preferência ao seu irmão gêmeo Esau (Rm 9:10-13), e como Jeremias, designado para ser profeta antes de nascer (Jr 1.5). Antes de Jeremias conhecer a Deus, Deus o conhecia: “antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci...”. Muito antes de começarmos a formular perguntas sobre Deus, Ele já nos questionava. Deus nos conhecia antes de sermos concebidos no útero materno. Somos conhecidos antes de conhecer”.

Segundo, essa escolha antes de seu nascimento levou à a sua vocação histórica. Deus me chamou pela sua GRAÇA, isto é, por seu amor totalmente imerecido. Paulo estivera lutando contra Deus, contra Cristo, contra os homens... Vocacionado significa ser colocado em separado para o lado de Deus. Isso significa que somos escolhidos independentemente do curso débil e incerto das circunstancias para participarmos de algo importante que Deus está realizando. E o que Deus está realizando? Ele está salvando, está resgatando, julgando, curando, esclarecendo. Há uma verdadeira batalha em curso. Há uma intensa batalha moral. Deus é a favor do céu e contra o inferno. Não existe zona neutra no universo. Cada centímetro quadrado é área de contestação.

2) O velho apostolo (2 Tm 4:6-8). 



 Este capítulo contém parte das últimas palavras proferidas ou escritas pelo apóstolo Paulo. Foram escritas a semanas, talvez não mais do que poucos dias antes do seu martírio.  Por trinta anos sem parar, Paulo, trabalhara como apóstolo e evangelista itinerante. Fez, na verdade, o que ele mesmo escreve aqui: combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé (v.7). Agora ele aspira por seu prêmio, “a coroa da justiça”, que já lhe estava reservada no céu (v.8). Estas palavras constituem no legado de Paulo à igreja.
O apostolo Paulo usa duas vividas figuras de linguagem para descrever sua morte próxima, uma tirada da linguagem do sacrifício e outra provavelmente dos barcos.

 “Estou sendo já oferecido por libação” ou “minha vida já está sendo colocada no altar”. Libação era o derramamento de algum liquido, geralmente era vinho, óleo e até mesmo leite, como um ato de culto a Deus. Ele compara a sua vida como um sacrifício e uma oferta.
E prossegue: o tempo da minha partida é chegado”. Partida é um termo que se tornou usual para expressar “morte”. Significa também “desatar”, “desamarrar”, “soltar um bote de suas amarras”. Portanto, as duas imagens combinam-se razoavelmente, porque o fim desta vida (derramada como libação) é o começo da outra (posta ao mar). A âncora já foi levantada, as amarras já estão soltas e o barco está prestes a fazer-se à vela, rumo a outra praia. Ainda, antes do inicio da grande ventura de aproximadamente 30 anos. Ele o descreve com três expressões simples:

Primeiro, “combati o bom combate”. As palavras poderiam igualmente ser traduzidas por “corri a grande corrida”, porque agon denota qualquer contexto envolvendo esforço, seja uma corrida ou uma luta. 



Segundo, “completei a carreira”. Alguns anos antes, falando aos anciãos da mesma igreja em Éfeso, a qual Timóteo estava agora presidindo, Paulo expressara o desejo de fazer exatamente isto (Atos 20.24). Agora Paulo está em condições de dizer que assim o fez. 


Terceiro, “Guardei a fé”. Ou seja, “Guardei, com toda segurança, como bom guardião ou despenseiro, o tesouro do evangelho confiado aos meus cuidados”. 


Agora nada lhe resta, senão o premio, por ele chamado de “a coroa” da justiça, que lhe está guardada e que lhe será dada no dia da vitória, “naquele dia” (Mt 25.21). 


Conclusão. Imaginando a cena da morte de Paulo:

“O carrasco recebe um pedaço de couro com o nome de um prisioneiro. Munido de uma tocha de fogo e com um pesado molho de chaves, atravessa longos corredores escuros e gelados. Abre uma pesada porta de ferro e grita com voz cavernosa: “Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo!”. Do fundo da cela, o velho apóstolo, que trazia marcas de Cristo no corpo e uma paz transcendente na alma, responde com firmeza: “Sou eu, estou aqui”. Paulo é acorrentado e sai da masmorra, atravessando o corredor da morte. Depois de uma longa caminhada, chegam ao patíbulo. Antes de colocar a cabeça de Paulo num tosco cepo de madeira para decepá-la com a guilhotina romana, o capataz da morte lhe dá a chance de proferir suas ultimas palavras. Esperando que o velho prisioneiro soltasse algum gemido de dor ou algum grito de revolta ou desespero, Paulo, de forma impertubável, com alegria na alma, ergue ao céu sua ultima doxologia: “A ele, (O Senhor Jesus Cristo) glória pelos séculos dos séculos. Amém” (2 Tm 4.18b). A guilhotina afiada, impiedosa e implacável faz tombar na terra esse príncipe de Deus. Sua morte, entretanto, não calou sua voz.


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