quarta-feira, 3 de junho de 2015

O concilio de Jerusalém – divisor de águas -. Atos 15.



Introdução, a questão do capítulo 15: “o pecador é salvo pela graça de Deus através do Cristo crucificado, quando ele simplesmente crê, ou seja, procura refúgio em Cristo? Será que, através de sua morte e ressurreição, Jesus Cristo fez tudo o que era necessário para a salvação? Ou somos salvos em parte pela graça de Cristo e em parte pelas nossas próprias obras e desempenho religioso? A justificação é pela fé, ou através de uma mistura de fé e obras, graça e lei, Jesus e Moisés? 

1)    Paulo e Pedro em Antioquia (Gálatas 2:11-16).
·        “alguns homens desceram da Judéia (Atos 15.1)” corresponde a “chegaram alguns da parte de Tiago”. Não que Tiago os tivesse enviado, visto que ele o nega mais tarde (Atos 15.24), mas que isso era o que afirmavam. Eles eram “fariseus” (v.5) e “zelosos da lei” (Atos 21.20).

·        E isso era o que ensinavam aos irmãos: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos”. Para eles, os crentes gentios precisavam se submeter não só ao batismo em nome de Jesus, mas também à circuncisão e à obediência a lei de Moisés. Eles tentavam misturar a lei e a graça e colocar vinho novo em odres velhos e frágeis (Lc 5.36-39). Costuravam o véu rasgado do santuário (Lc 23.45) e colocavam obstáculos no caminho novo e vivo para Deus, aberto por Jesus através da sua morte na cruz (Hb 10.19-25).  Não nos surpreende que o ensino deles tenha provocado “da parte de Paulo e Barnabé contenda e não pequena discursão com eles” (Atos 15.2).

·        O apostolo Paulo viu isso e ficou revoltado. Sua indignação aumentou quando os judaizantes conquistaram o apostolo Pedro, que também estava em Antioquia naquela época. Antes da chegada deles, como Paulo explica em Gálatas 2.11-14, Pedro “comia com os gentios”. Mas quando o partido da circuncisão chegou a Antioquia, eles o convenceram a se retrair, afastando-se dos gentios. O restante dos crentes judeus seguiram o mau exemplo de Pedro e “dissimularam com ele”, ou participaram de sua hipocrisia, e até mesmo Barnabé, apesar de tudo o que tinha visto em sua primeira viagem missionária (Atos 13 e 14),  foi levado pela “dissimulação deles”. Paulo viu que Pedro e seus seguidores “não procederam corretamente segundo a verdade do evangelho”. Assim, ele “resistiu-lhe (a Pedro) face a face, porque se tornara repreensível” e o advertiu publicamente por incoerência (Gl 2.15-16).


2)    O discurso de Pedro no Concilio de Jerusalém (Atos 15.7-11).

·        Pedro humildemente atribuiu toda iniciativa a Deus. Primeiro, ele disse: “Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem (v.7)”; Segundo, “Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera (v.8, Atos 10.35, ou seja, não há obstáculo racial para a conversão); Terceiro, “Deus não estabeleceu  distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhe pela fé os corações (v.9)”, demonstrando que é a pureza interior, do coração, que torna a comunhão possível, não a pureza externa, da dieta e do ritual (Mc 7.18,19,20 e 21). Pedro continua, dirigindo-se aos judaizantes: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem vós (v.10). Pedro conclui, “cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (v.11).

3)    O discurso de Barnabé e Paulo.
·        e toda multidão silenciou” (v.12), passando a ouvir a Barnabé e Paulo, “que contaram quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios”. Antes, haviam dito que Deus operara “com” eles (Atos 14.27), agora, “por meio” deles, como seus agentes.

4)    O discurso de Tiago, irmão de Jesus.
·        O próximo a falar foi “Tiago, o justo”, um dos irmãos de Jesus, que provavelmente se converteu depois de ver Jesus ressuscitado (Mc 6.3, Atos 1.14 e 1 Co 15.7). Tiago era uma coluna da igreja (Gl 1.19), tão constante na oração que seus joelhos eram duros como os de um camelo, de tanto ajoelhar-se para orar.

·        O que Deus tinha feito por meio dos apóstolos conferia com o que ele havia dito por meio dos profetas (v.15). Tiago citou Amós 9:11-12 para fundamentar a sua afirmação. Deus promete restaurar o tabernáculo caído de Davi e reedificar as suas ruínas (que os olhos cristãos vem como uma profecia da ressurreição e exaltação de Cristo), de modo que, depois, um remanescente gentio procurará o Senhor. Em outras palavras, através de Cristo davídico, os gentios serão incluídos em sua nova comunidade.

Conclusão: decisão do concilio.
O que os cristãos gentios deveriam evitar? Deveriam abster das contaminações com os ídolos, das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue (Atos 15.20). A primeira exigência fazia menção a todos os casamentos ilícitos listados em Levitico 18, especialmente entre parentes de sangue. As outras três exigências se referiam a questões dietéticas que poderiam impedir refeições comunitárias entre judeus e gentios.

“Quanto à fé, devemos ser invencíveis, e mais duros, se possível, do que um diamante; mas quanto ao amor, devemos ser mansos, e mais flexíveis do que uma vara de cana ou uma folha levada pelo vento, e prontos para nos submeter a tudo”. Lutero.






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