O concilio de
Jerusalém – divisor de águas -. Atos 15.
Introdução, a questão
do capítulo 15: “o
pecador é salvo pela graça de Deus através do Cristo crucificado, quando ele
simplesmente crê, ou seja, procura refúgio em Cristo? Será que, através de sua
morte e ressurreição, Jesus Cristo fez tudo o que era necessário para a
salvação? Ou somos salvos em parte pela graça de Cristo e em parte pelas nossas
próprias obras e desempenho religioso? A justificação é pela fé, ou através de
uma mistura de fé e obras, graça e lei, Jesus e Moisés?
1) Paulo e Pedro em Antioquia (Gálatas 2:11-16).
·
“alguns
homens desceram da Judéia (Atos 15.1)” corresponde a “chegaram alguns da parte
de Tiago”. Não que Tiago os tivesse enviado, visto que ele o nega mais tarde
(Atos 15.24), mas que isso era o que afirmavam. Eles eram “fariseus” (v.5) e
“zelosos da lei” (Atos 21.20).
·
E isso era o que ensinavam aos
irmãos: “Se não vos circuncidardes segundo o costume
de Moisés, não podeis ser salvos”. Para eles, os crentes gentios precisavam
se submeter não só ao batismo em nome de Jesus, mas também à circuncisão e à
obediência a lei de Moisés. Eles tentavam misturar a lei e a graça e colocar
vinho novo em odres velhos e frágeis (Lc 5.36-39). Costuravam o véu rasgado do
santuário (Lc 23.45) e colocavam obstáculos no caminho novo e vivo para Deus,
aberto por Jesus através da sua morte na cruz (Hb 10.19-25). Não nos surpreende que o ensino deles tenha
provocado “da parte de Paulo e Barnabé contenda e não pequena discursão com
eles” (Atos 15.2).
·
O
apostolo Paulo viu isso e ficou revoltado. Sua indignação aumentou quando os
judaizantes conquistaram o apostolo Pedro, que também estava em Antioquia
naquela época. Antes da chegada deles, como Paulo explica em Gálatas 2.11-14,
Pedro “comia com os gentios”. Mas
quando o partido da circuncisão chegou a Antioquia, eles o convenceram a se
retrair, afastando-se dos gentios. O restante dos crentes judeus seguiram o mau
exemplo de Pedro e “dissimularam com ele”,
ou participaram de sua hipocrisia, e até mesmo Barnabé, apesar de tudo o que
tinha visto em sua primeira viagem missionária (Atos 13 e 14), foi levado pela “dissimulação deles”. Paulo viu que Pedro e seus seguidores “não procederam corretamente segundo a
verdade do evangelho”. Assim, ele “resistiu-lhe
(a Pedro) face a face, porque se tornara repreensível” e o advertiu
publicamente por incoerência (Gl 2.15-16).
2)
O
discurso de Pedro no Concilio de Jerusalém (Atos 15.7-11).
·
Pedro
humildemente atribuiu toda iniciativa a Deus. Primeiro, ele disse: “Deus
me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a
palavra do evangelho e cressem (v.7)”; Segundo,
“Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo
a eles, como também a nós nos concedera (v.8, Atos 10.35, ou seja, não há
obstáculo racial para a conversão); Terceiro,
“Deus não estabeleceu distinção alguma
entre nós e eles, purificando-lhe pela fé os corações (v.9)”, demonstrando que
é a pureza interior, do coração, que torna a comunhão possível, não a pureza
externa, da dieta e do ritual (Mc 7.18,19,20 e 21). Pedro continua,
dirigindo-se aos judaizantes: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre
a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem vós
(v.10). Pedro conclui, “cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como
também aqueles o foram” (v.11).
3) O discurso de Barnabé e Paulo.
·
“e toda multidão silenciou” (v.12),
passando a ouvir a Barnabé e Paulo, “que
contaram quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os
gentios”. Antes, haviam dito que Deus operara “com” eles (Atos 14.27),
agora, “por meio” deles, como seus agentes.
4)
O discurso de Tiago, irmão de Jesus.
·
O
próximo a falar foi “Tiago, o justo”, um dos irmãos de Jesus, que provavelmente
se converteu depois de ver Jesus ressuscitado (Mc 6.3, Atos 1.14 e 1 Co 15.7).
Tiago era uma coluna da igreja (Gl 1.19), tão constante na oração que seus
joelhos eram duros como os de um camelo, de tanto ajoelhar-se para orar.
·
O
que Deus tinha feito por meio dos apóstolos conferia com o que ele havia dito
por meio dos profetas (v.15). Tiago citou Amós 9:11-12 para fundamentar a sua
afirmação. Deus promete restaurar o tabernáculo caído de Davi e reedificar as
suas ruínas (que os olhos cristãos vem como uma profecia da ressurreição e
exaltação de Cristo), de modo que, depois, um remanescente gentio procurará o
Senhor. Em outras palavras, através de Cristo davídico, os gentios serão
incluídos em sua nova comunidade.
Conclusão: decisão do concilio.
O que os cristãos gentios deveriam evitar? Deveriam abster das
contaminações com os ídolos, das relações sexuais ilícitas, da carne de animais
sufocados e do sangue (Atos 15.20). A primeira exigência fazia menção a todos
os casamentos ilícitos listados em Levitico 18, especialmente entre parentes de
sangue. As outras três exigências se referiam a questões dietéticas que
poderiam impedir refeições comunitárias entre judeus e gentios.
“Quanto à fé, devemos ser invencíveis, e mais duros, se possível, do que
um diamante; mas quanto ao amor, devemos ser mansos, e mais flexíveis do que
uma vara de cana ou uma folha levada pelo vento, e prontos para nos submeter a
tudo”. Lutero.
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