Fragmentos da teologia da Trindade.
Uma das mais conhecidas declarações da Bíblia é o Grande
Mandamento: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a
tua alma e de toda a tua força”. (Dt 6.5).
Jesus referiu-se a esse Grande Mandamento, ao dizer: “Este é
o Grande Mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo” (Mt 22.38,39).
Houve um cenário, dentro do qual o Grande Mandamento foi dado
pela primeira vez. Entre os judeus, esse contexto é chamado de SHEMA. O shema
era o centro da liturgia judaica no Antigo Testamento. Portanto, introduz e
prefacia o Grande Mandamento: “Ouve Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor” (Dt 6.4). O Shema separa claramente a fé religiosa do Antigo Testamento
de qualquer das formas de politeísmo.
Para Israel, entretanto, o normativo era a dedicação a
unidade do único Deus todo poderoso. O primeiro mandamento do decálogo reforça
esse mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3).
A expressão “diante de mim” significa na minha presença. O
que Deus estava dizendo é que ele não toleraria a intromissão da adoração a
quaisquer outras divindades em qualquer lugar ou em qualquer época. E aí surge
a pergunta:
Se Deus é um só, como pois podemos justificar a adoração de três
pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo?
O conceito da Trindade tem por desígnio responder a essa
pergunta. A formula da Trindade é a seguinte: “Deus é um só quanto à essência e
três em pessoa”. “Deus é um só quanto à essência”, isso significa, simplesmente
que só existe um Ser a quem chamamos de Deus.
Por outro lado, a igreja busca ser fiel à clara revelação
bíblica sobre a deidade de Cristo e sobre a deidade do Espírito Santo. Portanto,
a igreja distingue três pessoas da deidade – Pai, Filho e Espírito Santo. E
isso explica a segunda parte da fórmula: “E três em pessoa”.
O pensamento de Ário.
Diante disso, muitos cristãos ficaram confusos. Então a igreja definiu um termo preciso que
afirmava que o Filho é divino e, portanto, co-eterno e com o Pai e da mesma
substancia que o Pai.
O termo teológico com o qual Ário engasgou foi um termo
tomado por empréstimo da linguagem da filosofia grega: HOMOOUSIOS! A palavra
homoousios significa “da mesma substancia” ou “da mesma essência”. Ário
dispunha-se a dizer que Jesus era da mesma essência (homo – significa “mesma” e
ousios significa “substancia”) que Deus Pai.
Entretanto, Ário estava disposto a usar o termo grego
hmoiousios, em lugar de homoousios. Note a palavra i que segue o sufixo homo. A
diferença entre os termos gregos homoi e homo é a diferença que existe entre as
palavras “igual” (ou similar) e “o mesmo”. Homoiousios significa a “essência semelhante
ou similar”, enquanto homoousios significa “da mesma essência”.
Ou seja, Ário afirmava que embora Jesus fosse realmente
semelhante a Deus, ele não pertencia à mesma essência que Deus. Mas a igreja
respondeu com um retumbante “Não!” a Ário. A igreja insistia que Jesus não é
meramente parecido com Deus, mas que ele é Deus. Ele é homoousios (da mesma essência,
coessencial) com Deus.
O fruto da controvéria ariana do quarto século foi o Credo
Niceno, que asseverou a coessencialidade da deidade e dizia sobre Jesus que ele
foi “gerado, e não feito”, a fim de tirar a base de qualquer idéia da Segunda
Pessoa da Trindade ser mera criatura.
Créditos: Sproul, R.C. O mistério do Espírito Santo.
Maravilha... Que estudo maravilhoso e muito pertinente...Louvo a Deus pela sua vida Pr. João...
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