segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fragmentos da teologia da Trindade.




Uma das mais conhecidas declarações da Bíblia é o Grande Mandamento: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”. (Dt 6.5).

Jesus referiu-se a esse Grande Mandamento, ao dizer: “Este é o Grande Mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.38,39).

Houve um cenário, dentro do qual o Grande Mandamento foi dado pela primeira vez. Entre os judeus, esse contexto é chamado de SHEMA. O shema era o centro da liturgia judaica no Antigo Testamento. Portanto, introduz e prefacia o Grande Mandamento: “Ouve Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). O Shema separa claramente a fé religiosa do Antigo Testamento de qualquer das formas de politeísmo.

Para Israel, entretanto, o normativo era a dedicação a unidade do único Deus todo poderoso. O primeiro mandamento do decálogo reforça esse mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3).

A expressão “diante de mim” significa na minha presença. O que Deus estava dizendo é que ele não toleraria a intromissão da adoração a quaisquer outras divindades em qualquer lugar ou em qualquer época. E aí surge a pergunta:

Se Deus é um só, como pois podemos justificar a adoração de três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo?

O conceito da Trindade tem por desígnio responder a essa pergunta. A formula da Trindade é a seguinte: “Deus é um só quanto à essência e três em pessoa”. “Deus é um só quanto à essência”, isso significa, simplesmente que só existe um Ser a quem chamamos de Deus.

Por outro lado, a igreja busca ser fiel à clara revelação bíblica sobre a deidade de Cristo e sobre a deidade do Espírito Santo. Portanto, a igreja distingue três pessoas da deidade – Pai, Filho e Espírito Santo. E isso explica a segunda parte da fórmula: “E três em pessoa”. 

O pensamento de Ário.


 Ele confessava que Cristo era “Deus” e o “Filho de Deus”. Entretanto, sob cuidado escrutínio, percebeu-se que Ário tinha redefinido a palavra Deus para que a mesma se tornasse um termo virtualmente vazio. A palavra Deus no vocabulário de Ário era ambígua. Ário insistia que embora Jesus fosse “Deus” mediante um processo de adoração divina, ele era apenas um ser criado. Para Ário, Jesus era uma Ktisis, uma criatura.

Diante disso, muitos cristãos ficaram confusos. Então a igreja definiu um termo preciso que afirmava que o Filho é divino e, portanto, co-eterno e com o Pai e da mesma substancia que o Pai.

O termo teológico com o qual Ário engasgou foi um termo tomado por empréstimo da linguagem da filosofia grega: HOMOOUSIOS! A palavra homoousios significa “da mesma substancia” ou “da mesma essência”. Ário dispunha-se a dizer que Jesus era da mesma essência (homo – significa “mesma” e ousios significa “substancia”) que Deus Pai. 


Entretanto, Ário estava disposto a usar o termo grego hmoiousios, em lugar de homoousios. Note a palavra i que segue o sufixo homo. A diferença entre os termos gregos homoi e homo é a diferença que existe entre as palavras “igual” (ou similar) e “o mesmo”. Homoiousios significa a “essência semelhante ou similar”, enquanto homoousios significa “da mesma essência”.

Ou seja, Ário afirmava que embora Jesus fosse realmente semelhante a Deus, ele não pertencia à mesma essência que Deus. Mas a igreja respondeu com um retumbante “Não!” a Ário. A igreja insistia que Jesus não é meramente parecido com Deus, mas que ele é Deus. Ele é homoousios (da mesma essência, coessencial) com Deus.

O fruto da controvéria ariana do quarto século foi o Credo Niceno, que asseverou a coessencialidade da deidade e dizia sobre Jesus que ele foi “gerado, e não feito”, a fim de tirar a base de qualquer idéia da Segunda Pessoa da Trindade ser mera criatura.
Créditos: Sproul, R.C. O mistério do Espírito Santo.



Um comentário:

  1. Maravilha... Que estudo maravilhoso e muito pertinente...Louvo a Deus pela sua vida Pr. João...

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