terça-feira, 14 de abril de 2015

Filipe, o evangelista. Atos 8:1-8  e 26-40.


Introdução: Em Atos 1.8 Jesus diz que a igreja precisa testemunhar além-fronteiras. Até o capítulo 7 de Atos, a igreja é judaica. O capítulo 8 é uma dobradiça: o evangelho alcança Samaria, povo meio judaico e meio gentílico. No capítulo 9, a igreja é gentílica.

A morte de Estevão provocou uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém. Ela começou naquele dia, o dia da morte de Estevão, e levantou-se com a ferocidade de uma tempestade repentina (vs. 1). Saulo, que tinha aprovado o apedrejamento de Estavão (Atos 22.20), agora assolava a igreja (v. 3a). O verbo lumaino expressa “uma crueldade sádica e violenta”. Procurando crentes de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os jogava nas cadeias (v. 3b).

A grande perseguição levou a uma grande dispersão: todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria (v.1). Lucas lembra como o Senhor ressurreto havia ordenado que seus seguidores fossem testemunhas “em toda Judéia e Samaria” (Atos 1.8), como em Jerusalém; agora ele mostra como a comissão foi cumprida em virtude de uma perseguição. Os apóstolos permaneceram em Jerusalém, pois Jerusalém permaneceria sendo o quartel-general da nova comunidade cristã.

Se o martírio de Estevão causou a perseguição, e a perseguição a diáspora, a diáspora agora resultou numa ampla evangelização. A dispersão dos cristãos foi seguida por uma dispersão da boa semente do evangelho. Pois os que foram dispersos, enquanto fugiam, longe de se esconderem, ou até mesmo de manterem um silêncio prudente, IAM POR TODA PARTE PREGANDO A PALAVRA (v.4).

O que conseguimos aprender é que o “feitiço” do diabo (que está por trás de toda perseguição à igreja) se voltou contra ele mesmo. Seu ataque resultou num efeito contrário àquele que havia planejado. Ao invés de aniquilar o evangelho, a perseguição apenas o espalhou, ou seja, “o vento aumenta a chama”. No ano de 1949, na China, quando o governo derrotado pelos comunistas aonde 637 missionários da Missão para o Interior da China foram obrigados a deixar o país. Parecia um desastre total. Dentro de quatro anos, 286 deles foram trabalhar no Japão e no Sudoeste da Ásia, enquanto os cristãos chineses, mesmo sob severa perseguição, começaram a se multiplicar e agora perfazem um número trinta ou quarenta vezes maior do que o existente quando os missionários saíram.

1)    Felipe, o evangelista, e uma cidade samaritana (Atos 8.5-7).


“A evangelização não é um programa, mas um estilo de vida. O projeto de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a todo o mundo, a cada criatura, em cada geração (Atos 8.4)”.

Dos sete homens nomeados pelos apóstolos para ministrarem às viúvas em Jerusalém, Estevão e Felipe são os únicos cujas atividades foram registradas por Lucas. Felipe não era apóstolo; era diácono, um ganhador de almas. Ele foi a Samaria e impactou a cidade com o evangelho. Era um homem cheio do Espírito Santo, de fé e sabedoria. O grande esportista londrino Carlos Studd disse: “Se Jesus Cristo é Deus e ele deu sua vida por mim, nada é sacrificial demais que eu possa fazer por ele”.

ü O evangelho rompeu a barreira do preconceito (Atos 8.5). Os samaritanos era um povo mestiço, meio judeu e meio gentio.  Os samaritanos se opuseram à reconstrução do templo em Jerusalém no século VI a.C. Mais tarde, no século IV a.C., o cisma samaritano se consolidou com a construção de um templo rival no monte Gerizim. Eles rejeitaram o Antigo Testamento, exceto o Pentateuco. Para os judeus, os samaritanos eram hereges e cismáticos.

ü A pregação foi endereçada aos ouvidos e aos olhos (Atos 8.6). As pessoas não só ouviam, mas também viam as coisas que Felipe fazia. Felipe aprendeu com Jesus que a pregação não consiste apenas em palavras, mas deve ser uma demonstração do Espírito e de poder. A pregação é lógica em fogo. É a proclamação do evangelho, e o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.  Os samaritanos foram libertados de aflições físicas, controle demoníaco e, sobretudo, de seus pecados. O evangelho produziu salvação, libertação e alegria.

ü Houve impacto, prodígios e alegria (Atos 8.7). as pessoas ouviam e viam. Hoje as pessoas escutam belos sermões, mas não vêem vida. A igreja divorciou a pregação da vida. Quando Jesus iniciou seu ministério, Satanas lhe lançou oposição, fazendo habitar em inúmeras pessoas seus espíritos malignos. Alguns desses demônios se encontravam nos cultos das sinagogas e identificaram Jesus como o Santo de Deus (Mc 1.23-26); Pedro expulsava demônios das pessoas que vinham até de cidades perto de Jerusalém (Atos 5.16). Paulo exorcizou o espírito de uma moça escrava em Filipos (Atos 16.16-18).

2)    Felipe, o evangelista, e o líder etíope (Atos 8.26-40).
O Espírito de Deus dirige os passos de Felipe para o deserto. Por lá, viajava um eunuco da Etiópia, que precisava de esclarecimento espiritual.

ü Uma vida vale todo o investimento do mundo (Atos 8.26-30). Filipe sai de um avivamento na cidade de Samaria e vai para o deserto por orientação divina. O eunuco de “Candace” não era um nome pessoal e, sim, um título dinástico da rainha mãe que exercia certas funções em nome do rei. Esse oficial era uma espécie de tesoureiro ou ministro das finanças.

ü É preciso ir lá fora onde os pecadores estão para levá-los a Jesus (Atos 8.26). Aproxima-te desse carro significa ação fora do santuário, lá fora, onde está o movimento, nas estradas e alamedas da humanidade. Trata-se de colocar o evangelho ao alcance das massas, de modo que os pobres e ricos possam ouvi-lo. Ligue o testemunho a todo veiculo. Vá lá fora e testemunha! Corra! (Atos 8.29-30). As missões são obra urgente!

ü É preciso explicar as Escrituras e levar as pessoas a Cristo (Atos 8.30-35). O evangelista é também um mestre. A palavra de Deus precisa ser lida, explicada e aplicada. Felipe explica as Escrituras, apresenta Jesus, não a religião, o rito, tradição, etc.

ü É preciso receber as pessoas que crêem em Cristo pelo batismo (Atos 8.36-38). O eunuco perguntou a Filipe: Que me impede? Filipe podia ter respondido com uma longa preleção teológica sobre o que a lei dizia sobre os eunucos. Mas sua resposta foi simplesmente que nada o impedia de ser batizado se ele cresse em Cristo Jesus.

ü É preciso estar sempre aberto à nova direção do Espírito (Atos 8.39-40). A tradição diz que este eunuco voltou à sua terra e evangelizou a Etiópia. Aquele que saíra do deserto cheio de alegria não podia guardá-la para si mesmo. Quanto a Filipe, foi dirigido pelo Espírito Santo para novos horizontes, novas estradas. O que Deus quer que eu faça? Vinte anos depois, encontramos Filipe vivendo em Cesaréia e ainda servindo a Deus como evangelista (Atos 21.8).


Conclusão: 
O missionário escocês Alexandre Duff, depois de investir longos anos de sua vida na evangelização da Índia, voltou à Escócia, sua pátria, para cuidar de sua saúde e despertar novos obreiros. Numa seleta assembléia de jovens, pregou um sermão com senso de urgência e fez um apelo veemente para que os jovens se levantassem como missionários. Nenhum moço atendeu. Duff ficou tão abatido que teve uma parada cardíaca no púlpito. Correram com ele para uma sala contígua ao templo e lhe massagearam o peito para trazê-lo de volta ao pleno vigor. Ao recobrar suas forças, rogou aos médicos que o levassem de volta ao púlpito. Com a voz embargada pela emoção, dirigiu-se aos jovens novamente: Se a rainha da Escócia vos convocasse para ir a qualquer lugar do mundo numa missão diplomática, iríeis com orgulho. O Rei dos reis, aquele que deu sua vida por vós, vos convoca para atenderes seu chamado, e não quereis ir. Pois irei eu, já velho e doente. Não poderei fazer muita coisa, mas pelo menos morrerei às margens do rio Ganges e os indianos saberão que alguém os amou e se dispôs a levar-lhes as boas novas do Evangelho. Nesse momento, dezenas de jovens, tocados pelo poder da Palavra, levantaram-se e atenderam ao chamado de Deus e foram para a Índia como missionários. 

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