terça-feira, 7 de abril de 2015

A defesa e o martírio de Estevão – Atos 7.1-60.


Introdução: “ Estevão era cheio do Espírito, cheio de sabedoria, cheio de fé, cheio de graça e cheio do poder, é evidente que causava uma impressão de plenitude ao povo”.

Conceito errado sobre o Templo: Deus se identificava com o templo de forma tão completa que a sua existência garantiria a proteção do seu povo, enquanto que a destruição do Templo significaria que Deus havia abandonado seu povo.

Enquanto que o Deus do Antigo Testamento era um Deus vivo, um Deus em movimento, em marcha, que sempre estava chamando o seu povo para novas aventuras, e sempre acompanhando e guiando-os em sua caminhada.

1)    Abraão, o pai da nação (vs. Atos 7:1-7).


·        Abraão foi um homem obediente ao chamado divino. Deus o chamou quando este ainda vivia em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia (Gn 11.28, Hb 11.8). Nesse tempo, tanto Abraão como sua família eram adoradores de outros deuses (Gn 15.7; Js 24.2,3).

·        Abraão foi um homem de fé. Mesmo não sabendo para aonde ia, cria que sob a direção de Deus encontraria algo melhor.

·        Abraão foi um homem de esperança. Apesar de nunca ter visto plenamente a promessa realizada, jamais duvidou de que ela se cumpriria.  “Foi Deus quem apareceu, falou, enviou, prometeu, julgou e libertou. De Ur a Harã, De Harã a Canaã, de Canaã ao Egito, do Egito de volta a Canaã, Deus estava dirigindo cada etapa da peregrinação do seu povo”. John Stot

2)    José, o salvador do seu povo (Atos 7.8-16).

Notamos imediatamente que, se a Mesopotâmia foi o contexto surpreendente no qual Deus apareceu a Abraão, o Egito foi o cenário igualmente surpreendente em que Deus lidou com José.

 José foi odiado pelos seus irmãos, vendido aos estrangeiros como mercadoria barata, escravo traído pela esposa de Potifar, encarcerado injustamente, esquecido por aquele a quem havia ajudado porém, no tempo oportuno, saiu da prisão e tornou-se governador do Egito. Deus lhe deu Graça e Sabedoria.

O nosso Deus ainda continua transformado vales em mananciais, desertos em pomares, noites escuras em manhãs cheias de luz, vidas esmagadas pelo sofrimento em troféu da sua graça. É como dizem os poetas: “Os cisnes cantam mais docemente quando sofrem” (Gn 50.20).

3)    Moisés, o libertador do seu povo (Atos 7.17-36). 

A vida de Moisés pode ser dividida em três períodos de quarenta anos cada.

·        No primeiro período (0-40 anos) Moisés pensa que é forte. Ele nasceu num tempo perigoso, pois foi exposto a um cruel destino; contudo, nesse cenário foi resgatado por uma extraordinária providencia para ser educado na corte de Faraó. Torna-se douto em toda ciência do Egito. É na sua força que tenta ser o libertador do seu povo, mas os seus irmãos o rejeitam como tal (Atos 7.23-28).

·        No segundo período (40-80 anos), Moisés reconhece que é fraco. Ao ser rejeitado como libertador do seu povo, foge para a terra de Midiã, onde se estabelece como peregrino, casa-se e tem filhos. Troca o trono do Egito pelo deserto, as carruagens pelo cajado e o conforto na corte pelo calor tórrido do deserto. É nesse deserto que Deus lhe aparece e lhe convoca para ser o libertador de Israel.

·        No terceiro período (80-120 anos), Moisés aprende que Deus é tudo. Já com oitenta anos, Moisés vai ao Egito, libertando o povo da amarga escravidão. Deus manifesta na terra dos faraós o seu poder, através de portentosos milagres, triunfando sobre Faraó e os deuses dos egípcios (Atos 7.36).

“O homem de grandeza não é aquele que, como os judeus, está atado a seu passado e apegado aos seus privilégios; o homem verdadeiramente grande é aquele que está pronto a responder ao chamado: sai e deixa para trás toda a comodidade e tranqüilidade que tinha”.

4)    Davi e Salomão, os construtores do templo (Atos 7.44-50).

Segundo Estevão, o tabernáculo e o templo não foram edificados com o objetivo de confinar Deus a um espaço geográfico, porque “ ... não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas...”( Atos 7.48). Mais tarde, Paulo reafirma essa mesma verdade em Atenas (Atos 17.24). O proprio rei Salomão, na dedicação do templo, compreendeu essa verdade (1 Rs 8.27). Estevão, no entanto, deixa essa afirmação de Salomão para citar o profeta Isaias (Is 66.1-2).

“O Deus de Israel é o Deus peregrino, que não se restringe a um lugar. As principais afirmações desse discurso são: O Deus da glória apareceu a Abraão enquanto esse ainda estava na Mesopotâmia pagã (Atos 7.2); Deus estava com José mesmo quando ele ainda era escravo no Egito (Atos 7.9); Deus foi ao encontro de Moisés no deserto de Midiã, e assim transformou aquele lugar em terra santa (Atos 7.30,33); apesar de no deserto Deus ter andando de tenda em tenda (1 Cr 17.5), não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas (Atos 7.48). Portanto, a presença de Deus não pode ser restrista a um local, e que nenhum edifício pode confiná-lo ou inibir sua atividade. SE ELE POSSUI UMA CASA AQUI NA TERRA, ENTÃO ELA ESTÁ NO POVO NA QUAL VIVE”.

5)    Jesus, o Justo anunciado por todos os profetas (Atos 7.51-53).

Estevão chega agora ao ponto máximo de seu argumento, quando maneja a espada da verdade e acusa seus ouvintes de serem homens de dura cerviz – uma expressão usada no AT e em a ver com o “enrijecimento proposital e obstinado do pescoço”. Uma metáfora com base na teimosia do gado ao seguir seu instinto selvagem em detrimento de um melhor caminho indicado pelo condutor do rebanho (Ex 32.9). E também de serem “incircuncisos de coração e de ouvidos”, acusação igualmente feita por Moisés e pelos profetas a Israel (Lv 26.41, Jr 6.10). Essa acusação de Estevão equivalia a chamar seus juízes de “pagãos de coração e surdos à verdade”.

Estevão proclama: “vós sempre resistis ao Espírito Santo rejeitando seus apelos” (Atos 7.51) e denuncia: seus pais perseguiram todos os profetas e até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo. Os judeus assassinaram Jesus, o messias prometido.

Conclusão: Estevão é apedrejado (Atos 7.54-60).

·        O diácono Estevão viu a sua morte como sua entrada à presença de Cristo.

·        Estevão seguiu o exemplo de Cristo em sua vida e também em sua morte. Assim como Jesus orou pelo perdão daqueles que o executavam (Lc 23.34), também o fez Estevão.

·        Estevão dormiu na terra e logo foi recebido no céu pelo próprio Senhor Jesus.





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