quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Mandamento e tradição de homens (Mc 7.1-23).


1)    Acusação (Mc 7.1)
·        Em primeiro lugar, Os escribas e fariseus eram guardiões da tradição judaica. Os escribas eram os especialistas da lei. Eles estudavam, interpretavam e a ensinavam ao povo. Mas exatamente eles transmitiam para sua própria geração as tradições, que de geração em geração, tinham sido passadas com respeito à interpretação e aplicação da lei. Os fariseus por sua vez, tentavam fazer todos crerem que eles, os separatistas, estavam vivendo de acordo com o ensino dos escribas.

Ø  Em segundo lugar, a pratica dos acusadores (Mc 7.3,4). A tradição dos anciãos correspondia a uma coleção de preceitos, adicionais à lei de Moisés, que pretendia guiar o judeu na aplicação dos mandamentos por meio das variadas circunstancias da vida. Eles pensavam que da observância dessas muitas e detalhadas regras e cerimônias de purificação dependia a própria salvação deles. “Tradição é a fé viva dos que já morreram e tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem”.

·        Em terceiro lugar, a pergunta dos acusadores (Mc 7.5). Os fariseus e escribas estão escandalizados porque os discípulos de Cristo não purificavam as mãos para comer nem mesmo prestavam obediência à tradição dos anciãos (Mt 23.4).


 1.1)         Dois erros cometidos pelos escribas e fariseus. Primeiro, eles pensavam que por observar esses ritos eram melhores que os outros (Lc 18:11-12). Segundo, eles estavam enganados quanto à natureza do pecado. A santidade é uma questão de afeição interna e não de ações externas.

2.        Jesus responde aos escribas e fariseus (Mc 7.6-13).
·        Jesus descreve o caráter dos acusadores (7.6). São hipócritas. O hipócrita é um ator, ele desempenha papel de outra pessoa. Ele não é quem aparenta. Os lábios são de uma pessoa, mas o coração é de outra.

·        “Conta-se de um maometano que ia perseguindo a outro, faca em mão, para assassiná-lo. Justo nesse momento soou o chamado à oração, imediatamente se deteve, estendeu sua esteira de oração, ajoelhou-se, rezou sua oração o mais rápido possível, e logo se levantou e prosseguiu sua perseguição homicida”.

·        Jesus revela a inversão de valores dos acusadores (7.8). Os escribas e fariseus proclamavam ser defensores da doutrina de Deus. Mas o zelo deles não era preservar e proclamar a palavra de Deus, mas em manter a tradição dos anciãos.

·        Os rabinos haviam dividido a lei mosaica em 613 mandamentos distintos, com 365 deles contendo proibições, enquanto 248 eram orientações positivas. Por meio desses mandamentos, eles tentavam regular cada detalhe da conduta dos judeus: seus sábados, viagens, comida, jejuns, abluções, comércio, relações interpessoais etc.

·        Jesus denuncia que eles rejeitaram jeitosamente o preceito de Deus (Mc 7.9-12).Os escribas e fariseus chegaram a ponto de anular e invalidar um preceito infalível de Deus para confirmar sua tradição fraca e miserável. Deturparam o quinto mandamento e liberaram os filhos avarentos da responsabilidade de cuidarem de seus pais na velhice. Esses lideres proclamavam amar a Deus, mas não tinham amor pelos pais.

·        Honrar pai e mãe é mais do que simplesmente obedecer-lhe. O que realmente importa é a atitude interior do filho em relação aos seus pais. Essa atitude é o que, na verdade, produz honra. Toda obediência interesseira e relutante, ou produzida pelo terror é, descartada. Honra implica amor e alta consideração.

·        Corbã (dedicado a Deus). Quando um filho mau tinha intenção de desamparar pai e mãe, sonegando a eles assistência devida, dizia a eles que não poderia ajudá-los, porque havia dedicado esses recursos financeiros como oferta ao Senhor. É Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para seu próprio uso.

2)    A verdade espiritualidade (7.14-16).

·        Jesus assegura que a contaminação vem de dentro e não de fora (7.15). A verdadeira espiritualidade não é ritual nem cerimonial, mas procede da sinceridade do coração (Jr 17.6).
·        Jesus assegura que a verdadeira pureza tem a ver com o coração e não com o estômago (7.18-20). Jesus está acabando com a paranóia da religião legalista das listas intermináveis do pode e não pode. Jesus está declarando puros todos os alimentos. Não podemos considerar impuro o que Deus tornou puro (Atos 10.15). O alimento desce ao estomago, mas o pecado sobe ao coração.

Conclusão: Marcos cita doze pecados que brotam do coração. Os primeiros seis indicam más ações, enquanto os últimos seis falam do estado do coração.

Prostituição – o termo é pornéia indica o pecado sexual em geral: a prostituição, pornografia, a fornicação, adultério, o homossexualismo, bem como toda impureza moral.

Furtos. O furto é uma apropriação daquilo que não nos pertence. 

Homicídios: desejo de tirar a vida do próximo, como também o ódio.

Adultério: violação dos laços matrimoniais, como o olhar cobiçoso (Mt 5.28). Avareza: é o apego idolátrico à coisas materiais.

As malicias: isso poderia ser a somatória de todas as manifestações iníquas.

Do coração. Dolo: pode ser definido como artimanhas do engano.
Lascivia: impulso pecaminoso como luxuria e licenciosidade.
Inveja: é o desprazer de ver uma pessoa possuir algo.
Blasfêmia ou maledicência : difamação do caráter, xingamento, à calunia, linguagem desdenhosa ou insolente dirigida contra outra pessoa, seja diretamente para ela, ou pelas suas costas.
Soberba: a tendência maligna de imaginar-se melhor, mais hábil ou maior do que os outros.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

E            
“Tradição” e “Mera Tradição”.



Todas as terças estamos tecendo junto com igreja  o texto do Evangelho de Marcos expositivamente. Então cada terça é um capitulo ou fragmentos de um capítulo. Na próxima terça estarei pregando sobre o capitulo 7 deste evangelho. Esse texto é muito pertinente aos dias de hoje porque faz uma distinção entre “tradição’ e “mera tradição”.

Fazendo minha leitura devocional nesta manhã de segunda feira me deparei com o texto de  Zacarias 7:1-3, que é uma essência de tradição e mera tradição. Então vamos analisar: “No quarto ano do rei Dario, veio a palavra do Senhor, no dia quarto do nono mês, que é quisleu. Quando de Betel foram enviados Sarezer, e Regém-Meleque, e seus homens para suplicarem o favor do Senhor, perguntaram aos sacerdotes, que estavam na Casa do Senhor dos Exércitos, e aos profetas: “Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto do mês, como temos feito por tantos anos?”

            Os jejuns sobre os quais os homens de Betel perguntaram eram jejuns instituídos pelos exilados para comemorar acontecimentos associados à queda de Jerusalém, cerca de 68 anos antes. A primeira geração de exilados sentiu aquela queda profundamente e, sem dúvida, havia chorado com grande sinceridade. Agora, porém, outra geração, apenas dois anos depois de terminar um novo Templo de Jerusalém, perguntava-se se havia alguma razão para manter os jejuns tradicionais.

            Observe duas coisas sobre a questão. Primeiro, Deus não havia ordenado aqueles jejuns e, portanto, eles não eram obrigatórios. Contudo, era correto os homens de Betel suscitarem a questão junto aos líderes espirituais de Jerusalém e buscar orientação de Deus.  Seja como for que as nossas tradições religiosas tenham começado, é sábio buscar orientação de Deus antes de modificá-las.

            Segundo, os jejuns haviam se tornado uma MERA TRADIÇÃO para a geração presente. Há uma diferença entre “TRADIÇÃO”  e “MERA TRADIÇÃO” . O que pode ser uma forma vital de expressar  uma experiência  espiritual  real raramente pode ser legado à geração seguinte, sem se tornar uma mera tradição: a forma sem o significado ou a vitalidade. CADA GERAÇÃO deve ter a liberdade de encontrar as melhores maneiras para expressar a sua experiência pessoal com o Senhor.

            “Quando jejuaste... jejuaste vós para mim?” (Zc 7.4-7). Deus respondeu à pergunta sobre o jejum por meio do profeta Zacarias. Sua resposta foi dada por meio de uma pergunta contundente. As pessoas haviam realmente jejuado “para Mim” todos aqueles anos ou jejuado para si mesmas?

            Em essência, Deus perguntou: “vocês sentiram uma tristeza pelos seus pecados – ou só se sentiram tristes por terem apanhados no pecado?” O motivo para o jejum era a culpa pelos pecados que causaram o Exílio? Ou a dor, em primeiro lugar, era simplesmente uma autopiedade, uma expressão egoísta da própria postura que levara geração anteriores a abandonar a Deus?

            Que pergunta para nós fazemos quando experimentamos a disciplina do Senhor? Sentimos. Dói. Mas o nosso coração dói pelo pecado ou apenas pelo castigo? Mudamos o foco de nosso interesse pelo Senhor ou ainda estamos interessados em nós mesmos?

            “Assim falou o Senhor dos Exércitos” (Zc 7.8-14). Os homens de Betel haviam perguntado: “Devemos jejuar?” Deus parece rejeitar a pergunta como despida de importância e respondeu: “Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão; e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão, no seu coração” (VV. 9,10).

            Quantas vezes nos preocupamos apaixonadamente com questões sem importância. No tempo de Jesus os fariseus tinham o cuidado de dizimar as folhas das pequenas ervas que cresciam nas suas soleiras. Mas, Cristo disse, “desprezai o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). Um dos ardis mais eficazes de Satanás é fazer com que os crentes dêem muita atenção àquilo que não merece atenção. Quando aquilo que é menos significativo domina o nosso pensamento, ignoramos os aspectos verdadeiramente centrais da nossa fé.

            Observe que tanto Zacarias como Jesus se concentraram em um estilo de vida marcado  pela justiça, misericórdia e compaixão. Se formos fiéis na demonstração do nosso compromisso com o Senhor vivendo uma vida santa e amorosa, as “coisas pequenas” encontrarão o seu lugar.  




           

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Portas abertas e fechadas – Mc 6:1-13

1)    Jesus – sem honra em sua própria terra

·        Negaram-se a ouvir o que Ele tinha que dizer por duas razões: 1) Diziam: "Não é este o carpinteiro?" A palavra traduzida carpinteiro é tekton. Tekton significa o que trabalha em madeira, mas mais que um simples operário. Significa um artesão. Na antiguidade, e em muitos lugares ainda hoje, pode-se achar em povoados e aldeias um artesão capaz de construir algo, de um galinheiro a uma casa; o tipo de homem que pode levantar uma parede, arrumar um teto, reparar uma porta, o artesão, o homem de mil ofícios, que com poucas ferramentas ou sem nenhuma pode pôr mão em qualquer trabalho. Um homem assim era Jesus.

·        Diziam: "Não é este o filho da Maria? Não conhecemos seus irmãos e suas irmãs?" O fato de que chamassem a Jesus filho da Maria nos diz que José devia ter morrido. Temos portanto aqui a chave de um dos enigmas de vida de Jesus. Quando Jesus morreu tinha só trinta e três anos, mas não abandonou Nazaré até os trinta (Lucas 3:23).
·        Thomas Campbell foi um renomado poeta. Seu pai não tinha o mais mínimo sentido poético. Quando apareceu o primeiro livro de seu filho, com o nome impresso de Thomas, ele enviou um exemplar a seu pai. O ancião tomou e ficou olhando. Realmente olhava a encadernação e não o conteúdo. "Quem tivesse pensado", disse assombrado, "que nosso Tom pudesse fazer um livro como este!" Às vezes a familiaridade que deveria gerar um crescente respeito, dá lugar precisamente ao contrário. Às vezes estamos muito perto das pessoas para ver sua grandeza.

2)    Conseqüências de não atentar ao tempo da oportunidade.
·        a incredulidade fecha as portas da oportunidade para Nazaré. Jesus não permaneceu na cidade de Nazaré. Ele foi adiante. Ele não insistiu em arrombar a porta. Nazaré perdeu o tempo da sua oportunidade. Realizar milagres em Nazaré poderia não ter nenhum valor porque o povo não aceitou a sua mensagem nem creu que Ele vinha de Deus. A maioria das pessoas pensa que tem ilimitadas oportunidades para crer, mas isso é ledo engano.

·        a incredulidade de Nazaré fecha as portas para os milagres de Jesus. Quão terrivelmente desastroso é o pecado da incredulidade. A incredulidade rouba do povo as maiores bênçãos. Jesus não pôde fazer em Nazaré nenhum milagre. O que significa este “Jesus não pôde?” Ele não podiaquerer, nessas circunstâncias. Ele também não deveria. Pois onde se rejeita o doador, a dádiva é sem sentido, talvez até prejudicial. Jesus não deveria, e por isso também não queria. Neste sentido não poderia.


·        Ausência da fé Jesus não poderia fazer obras poderosas, segundo o propósito de seu ministério, pois operar milagres onde a fé está ausente, na maioria dos casos, seria meramente agravar a culpa dos homens e endurecer seus corações contra Deus. Incredulidade: Adão e Eva e o povo de Israel no deserto (Ex 15.24; 17:2-3; Nm 11:1-6).

3)    Portas abertas para a salvação
·        Em primeiro lugar, Jesus amplia seu ministério comissionando os apóstolos.Jesus não chamou os apóstolos apenas para estarem com Ele, mas também para enviá-los a pregar e a expelir demônios (3.14-21). Agora, que já estão treinados, eles são enviados.

·        Em segundo lugar, Jesus deu aos apóstolos a mensagem. Quando os apóstolos saíram a pregar aos homens, não criaram a mensagem; levaram a mensagem. Não levaram aos homens as suas opiniões, mas a verdade de Deus. Tema da mensagem:
a)     Arrependimento: A mensagem do evangelho começa com o arrependimento. Arrepender-se significa mudar de mente e logo adaptar a ação a essa mudança. O arrependimento não é lamentar-se sentimentalmente; é algo revolucionário; por isso são poucos os que se arrependem.
Na novela Quo vadis? há uma passagem em que Vinício, o jovem romano, apaixonou-se por uma jovem cristã. Mas ela não quer nada com Marcos
ele porque não é cristão. Ele a segue à reunião noturna secreta do pequeno grupo de cristãos e ali, desconhecido por todos, ouve o que é dito. Ouve Pedro pregar e, enquanto escuta, algo lhe acontece. "Sentiu que se queria seguir esse ensino teria que lançar em uma fogueira todos os seus pensamentos, seus hábitos e seu caráter, toda sua natureza até esse momento, queimá-los até reduzi-los a cinzas e logo encher-se de uma vida totalmente diferente e uma alma inteiramente nova." Isto é arrependimento”.

b)    Eles curaram os enfermos ungindo-os com óleo (v.13). Os apóstolos pregaram aos ouvidos e aos olhos. Falaram e fizeram. Proclamaram e demonstraram. Eles tinham palavra e poder. A salvação é uma bênção que se estende ao homem integral, ao corpo e a alma. Os discípulos usaram o óleo aqui não como remédio ou cosmético, mas como símbolo da presença, da graça e do poder do Espírito Santo.

c)     Eles expulsaram demôniosA libertação faz parte do evangelho. O Messias veio para libertar os cativos. Ele se manifestou para libertar os oprimidos do diabo e desfazer suas obras. Todo crente que quer “conquistar” pessoas para Deus precisa dominar o “espaço aéreo” sobre a fortaleza (Ef 6.12; Rm 15.19; 2Co 10.4-6).

·        Em terceiro lugar, Em terceiro lugar, Jesus deu aos apóstolos a metodologia. As atitudes e ações dos apóstolos deveriam reforçar a mensagem que eles iriam proclamar. Jesus ensinou alguns aspectos metodológicos importantes: a) Os apóstolos foram enviados de dois a dois.Isso fala de mútua cooperação, mútuo encorajamento, mútuo ensino e também de credibilidade do testemunho. A Bíblia ensina que é melhor serem dois do que um (Ec 4.9).

·        Em quarto lugar, Os apóstolos deveriam confiar no provedor e não na provisão. Eles não deveriam levar túnica extra, alforje nem dinheiro. Deveriam confiar na provisão divina enquanto faziam a obra. Jesus estava lhes mostrando que o trabalhador é digno do seu salárioJesus alerta sobre o perigo da ostentação. Os mensageiros não deveriam ser temidos nem invejados. Eles não deveriam fazer da obra de Deus uma fonte de lucro.
Na Antigüidade, pregadores itinerantes eram comuns. Com freqüência estavam mais interessados na pele das ovelhinhas do que na vida delas. Sabiam fazer da religiosidade uma fonte de renda. Paulo se esforçava ao máximo para distanciar-se desta praga e conservar a credibilidade do evangelho (1Co 9.12-15; 2Co 12.14s; 1Ts 2.1-10)”.

·        Em quinto lugar, Os apóstolos deveriam ser sensíveis à cultura do povo.Deveriam comer o que se colocava na mesa e não deveriam ficar mudando de casa, enquanto permaneciam numa cidade. A hospitalidade era um dever sagrado no Oriente.

·        Em sexto lugar, Jesus ensinou que se deve aproveitar as portas abertas e não forçar as portas fechadas. Onde houvesse rejeição, os apóstolos não deveriam permanecer, ao contrário, deveriam seguir adiante. Era preciso buscar portas abertas. Paulo orou por portas abertas e onde elas se abriam permanecia pregando, mas onde elas se fechavam, ele ia adiante. O critério do investimento era o vislumbre de portas abertas.

·        Em sétimo lugar, Jesus alertou sobre o perigo de rejeitar o evangelho. Os apóstolos deveriam sacudir o pó de suas sandálias e considerar aquele território pagão.

CONCLUSÃO: qualquer lugar, quer seja uma casa, vila ou cidade, que recuse aceitar o evangelho, deve ser considerado impuro, como se fosse um solo pagão. Não há salvação fora do evangelho. Não há salvação, onde a Palavra de Deus é rejeitada.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Jesus, esperança dos desesperançados. (Mc  5.21-24, 35-43).


Introdução. Jesus é a esperança! Ele acalmou o mar e fez cessar o vento quando os discípulos estavam quase a perecer (4.35-41). Ele libertou um homem enjeitado pela família e pela sociedade de uma legião de demônios e fez dele um missionário (5.1-20). Ele curou uma mulher hemorrágica, depois que todos os recursos humanos haviam se esgotado (5.25-34). Agora, Jesus ressuscita a filha única de um líder religioso, mostrando que Ele também tem poder sobre a morte (5.35-43).

1)    Jairo vai a Jesus levando sua causa desesperadora
·        Em primeiro lugar, o desespero de Jairo levou-o a Jesus com um senso de urgência (5.35). Jairo tinha uma causa urgente para levar a Jesus. Sua filhinha estava à morte. Lucas nos informa que ela era filha única e tinha uns doze anos (Lc 8.42).

·        Em segundo lugar, o desespero de Jairo levou-o a transpor barreiras para ir a Jesus. Jairo precisou vencer duas barreiras antes de ir a Jesus: A barreira da sua posição. Jairo era chefe da sinagoga, um líder na comunidade. A sinagoga era o lugar onde os judeus se reuniam para ler o livro da Lei, os Salmos e os Profetas, aprendendo e ensinando a seus filhos o caminho do Senhor. A posição religiosa, social e econômica de um homem, entretanto, não o livra do sofrimento. Jairo era líder, rico, influente, mas a enfermidade chegou à sua casa. Jairo despojou-se de seu status, e prostrou-se aos pés de Jesus, pois Ele era suficientemente grande para vencer todas as barreiras na hora da necessidade. Muitas vezes, o orgulho pode levar um homem a perder as maiores bênçãos.

·        A barreira da oposição dos líderes religiosos. A essas alturas, os escribas e fariseus já se mancomunavam com os herodianos para matarem a Jesus (3.6). As sinagogas estavam fechando as portas para o rabi da Galiléia.

·        Em terceiro lugar, o desespero de Jairo levou-o a prostrar-se aos pés de Jesus. Há três fatos marcantes sobre Jairo: Jairo humilhou-se diante de Jesus. Ele se prostrou e reconheceu que estava diante de alguém maior do que ele, do que os líderes judaicos, do que a própria sinagoga. Não há lugar na terra mais alto do que aos pés de Jesus. Cair aos pés de Jesus é estar em pé. Aqueles que caem aos seus pés, um dia estarão à sua destra. Jairo clamou com perseverança. Jairo não apenas suplica a Jesus, mas o faz com insistência. Ele persevera na oração. Ele tem uma causa e não está disposto a desistir dela. Não reivindica seus direitos, mas clama por misericórdia. Jairo clamou com fé. Não há nenhuma dúvida no pedido de Jairo. Ele crê que Jesus tem poder para levantar a sua filha do leito da morte. Ele crê firmemente que Jesus tem a solução para a sua urgente necessidade.

2)    Jesus vai com Jairo levando esperança para o seu desespero.
·        Em primeiro lugar, quando Jesus vai conosco podemos ter a certeza que Ele se importa com a nossa dor. Jesus sempre se importa com as pessoas: Ele fez uma viagem pelo mar revolto à região de Gadara para libertar um homem louco e possesso. A palavra da fé. “Não temas, crê somente” (5.36). Era fácil para Jairo crer em Jesus enquanto sua filha estava viva, mas agora a desesperança bateu à porta do seu coração. A palavra da esperança. “A criança não está morta, mas dorme” (5.39). A palavra de poder. “Menina, eu te mando, levanta-te” (5.41).

·        Em segundo lugar, quando Jesus vai conosco os imprevistos humanos não podem frustrar os propósitos divinos. Enquanto a mulher hemorrágica recebia graça, o pai da menina moribunda vivia o inferno. Jairo deve ter ficado aflito quando Jesus interrompeu a caminhada à sua casa para atender uma mulher anônima no meio da multidão. Seu caso requeria urgência. Ele não podia esperar. Jesus não estava tratando apenas da mulher enferma, mas também de Jairo. A demora de Jesus é pedagógica.

·        Em terceiro lugar,      quando Jesus vai conosco não precisamos temer más notícias (5.36). Jairo recebe um recado de sua casa: sua filha já morreu. Agora é tarde, não adianta mais incomodar o mestre. Na visão daqueles amigos as esperanças haviam se esgotado. Eles pensaram: “há esperança para os vivos; nenhuma para os mortos. “No Evangelho de Marcos a fé não resulta dos milagres, mas os milagres vêm da fé, sim, do milagre da fé. Exatamente quando a fé se torna ridícula é que se torna séria” (Joao 11.40).

·        Em quarto lugar, Quando Jesus vai conosco não precisamos nos impressionar com os sinais da morte (5.39). Os que estão ali lamentando, aqueles que informaram Jairo, e os próprios pais, sabem que a criança está morta. Jesus diz que ela está apenas dormindo, pois Ele faz um prognóstico teológico e não um diagnóstico físico. “Ela morreu” é uma palavra à qual Deus não se curva. “Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem” (Lc 20.38; Mc 12.27).

·        Em quinto lugar, quando Jesus vai conosco, a morte não tem a última palavra (5.40-42). Os mensageiros que foram a Jairo e a multidão que estava em sua casa pensaram que a morte era o fim da linha, uma causa perdida, uma situação irremediável, mas a morte também precisa bater em retirada diante da autoridade de Jesus. : “Tomando-a pela mão, disse: Talita cumi, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar...” (5.41,42). “Talita cumi” era uma expressão em aramaico, que a pequena menina podia entender, pois o aramaico era a sua língua nativa. Hoje, Ele dá vida aos que estão mortos em seus delitos e pecados. Ele arranca os escravos do diabo do império das trevas e faz deles embaixadores da vida.



Conclusão:  quando Jesus vai conosco, o choro da morte é transformado na alegria da vida (5.42). Aonde Jesus chega, entra a cura, a libertação e a vida. Onde Jesus intervém, o lamento e o desespero são estancados. Diante dele, tudo aquilo que nos assusta é vencido. A morte, com seus horrores não pode mais ter a palavra final. A morte foi tragada pela vitória. Na presença de Jesus há plenitude de alegria. Só Ele pode acalmar os vendavais da nossa alma, aquietar nosso coração e trazer-nos esperança no meio do desespero.