terça-feira, 4 de novembro de 2014

O discipulado de Timóteo (2 Tm 1:1-7)



Introdução:

Paulo se intitula “encarcerado no Senhor” (1.8) e esta era a segunda vez que se achava preso em Roma. Estava encarcerado em algum “escuro calabouço subterrâneo, como um buraco no teto para a passagem de luz e de ar”. Certamente Paulo estava acorrentado (1.16), “sofrendo até algemas, como malfeitor” (2.9). A audiencia preliminar de seu caso já se realizara (4.16,17); agora só lhe restava aguardar o julgamento.

A tradição nos conta que Paulo foi condenado à morte e então decapitado, na Via Óstia. Eusébio de Cesaréia, citando Dionísio de Corinto, relata que Paulo e Pedro “foram martirizados na mesma ocasião”, acrescentando todavia que a execução de Paulo foi por decapitação e a de Pedro por crucificação de cabeça para baixo.

A conversão de Timóteo deu-se na cidade de Listra, durante a primeira viagem do apostolo Paulo. E, por mais de 15 anos, desde então, Timóteo tinha sido o fiel companheiro de Paulo. Viajara com ele durante a maior parte da segunda e terceira viagem, tendo sido, durante as mesmas, enviado como fiel delegado apostólico a diversas missões especiais (1 Ts 3.1; 1 Co 4.17).

            Paulo não só devotava uma forte afeição a Timóteo, por ter sido o amigo que ele evidentemente levara a Cristo, podendo assim chamá-lo “filho amado e fiel no Senhor” (1 Co 4.17), mas também aprendera a confiar em Timóteo como o seu “cooperador” (Rm 16.21). Paulo pôde chegar ao ponto de dizer: “a ninguém tenho de igual sentimento” (Fl 2.20-22).

            Algumas cousas sobre Timóteo: 

        Lembremo-nos de que Timóteo ainda era relativamente jovem (uns 30 anos). Paulo insistira com ele: “ninguém despreze a tua mocidade” (1 Tm 4.12); e em sua segunda carta, um ano ou dois depois, exortou a fugir “das paixões da mocidade” (2 Tm 2.22).

·        Timóteo era propenso a doença. Na primeira carta (1 Tm 5.23), o apostolo referiu-se às frequentes enfermidades que Timóteo tinha.

·        Timóteo era de temperamento tímido. Parece ter sido de natureza arredia. Se tivesse vivido em nossa geração, creio que o teríamos como sendo um “introvertido”.

1)    Timóteo, o filho amado de Paulo (VS. 2-8).
·        Graça, paz e misericórdia. Graça é a bondade de Deus para com os indignos, a misericórdia é mostrada aos fracos e desamparados, incapazes de ajudarem-se a si mesmos. Nas parábolas de Jesus, foi a misericórdia que o bom samaritano demonstrou à vitima dos assaltantes. Paz, é reconciliação, restauração da harmonia em vidas arruinadas pela discórdia.


·        “Sem cessar me lembro de ti em minhas orações, noite e dia” (v.3), “lembrando das tuas lágrimas” (v.4) e “pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento” (v.5). E sempre que me lembro de ti, Timóteo, “dou graças a Deus” (v.3).

1.1)         As quatro maiores influencias na vida de Timóteo.

       I.            A formação familiar (v.3). 

Lucas nos conta que Timóteo era filho de um casamento misto, em que o pai era grego e a mãe judia (Atos 16.1). Pode-se presumir que seu pai fosse  descrente, mas a mãe era uma judia crente, que tornou cristã. E, antes da mãe, sua avó Lóide era também convertida, visto que Paulo escreve sobre a “fé sem fingimento”, das três gerações. Paulo lhe diz: “desde a meninice fora interado das sagradas letras” (3.15). Calvino comenta, com muita propriedade, que Timóteo “foi criado de tal modo que pôde sugar a piedade junto com o leite materno”.

     II.            A amizade espiritual. 
Depois de nossos pais, os nossos amigos são os que mais nos influenciam, especialmente se são, de algum modo, nossos professores. E Paulo era para Timóteo um mestre e amigo excepcional. Paulo era pai espiritual de Timóteo e Paulo também o conduziu a Cristo, por isso não se esqueceu dele, nem o abandonou. Na ultima vez em que se separaram, Timóteo foi incapaz de conter as lágrimas. E agora, recordando-se daquelas lágrimas, Paulo almejava “noite e dia” tornar a vê-lo “para que eu transborde de alegria” (v.4).

  III.            O dom espiritual (v.6). 

O que está claro, tanto neste versículo como numa referencia similar em 1 Timóteo 4.14, é que o dom (carisma) lhe fora conferido quando Paulo e certos “anciãos” lhe impuseram as mãos.  Portanto, que o homem não é somente o que ele recebe de seus pais, amigos e mestres, mas também o que Deus mesmo faz dele, quando o chama para um ministério especial, dotando-o com recursos espirituais apropriados.

  IV.            A disciplina pessoal (v.7).

Paulo em sua primeira carta, pede que Timóteo não se faça negligente com o seu dom (1 Tm 4.14) e na segunda carta o admoesta a reavivá-lo (v.6) ou reacendê-lo. O dom é comparado ao fogo. Parece, que a exortação de Paulo é para continuar soprando, para “atiçar aquele fogo interior”, para conservá-lo vivo até inflamar-se.


Deus não nos deu um Espírito de “covardia” mas de “poder, de amor e de moderação. Sendo ele o Espírito de poder, podemos estar confiantes de que ele nos capacita no exercício do nosso ministério.



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