terça-feira, 17 de junho de 2014

O início da igreja primitiva: perseguição, comunhão e pecado (Atos 4.13, 5:1-10)



Introdução: O primeiro milagre na igreja primitiva e repercussão. (Atos 3 e 4). Nesta passagem vemos vividamente tanto o ataque inimigo como a defesa cristã. No ataque inimigo há duas características.

Primeiro, há  desprezo (Atos 4.13). O Sinédrio considerava Pedro e João homens iletrados e incultos. A palavra traduzida "iletrados" significa que não tinham nenhuma educação técnica, especialmente nas intrincadas normas e a casuística da Lei. A palavra que se traduz por "incultos" significa que eram leigos sem nenhuma qualificação profissional. O Sinédrio, tal como era, considerava-os homens sem educação superior e sem status profissional.

O segundo dos ataques consistiu em ameaças (Atos 4.18). Foi-lhes dito o que lhes aconteceria se continuassem no caminho que escolheram. Mas as ameaças do homem são impotentes para dobrar o cristão porque ele sabe que o que o homem lhe fizer será momentâneo, enquanto que as coisas de Deus duram para sempre.

Pedro e João, ao enfrentar estes ataques, tinham certos argumentos em sua defesaPrimeiro, contavam com um fato indisputável (Atos 4.16)


Era impossível negar que o homem ficou curado. A defesa e a maior prova incontrovertível do cristianismo é um cristão. Em última análise as palavras não importam muito. Só podemos comprovar o cristianismo apresentando aos que nos rodeiam evidências inegáveis do caráter cristão.

"o maior argumento do evangelho é um homem transformado, um coxo andando, um cego vendo, um bêbado sóbrio, um drogado cheio do Espírito, um blasfemo reverente, um avarento honesto. O ateu desafiou o crente acerca de sua fé. O crente respondeu: "Traga-me um homem que foi transformado pelo ateísmo e lhe apresentarei um séquito de ladrões, prostitutas e avarentos que foram transformados por Jesus".

 Segundo, tinham o argumento de uma fidelidade total a Deus (Atos 4.19-20). Tinham que escolher entre obedecer ao homem ou obedecer a Deus. Pedro e João não duvidavam do caminho que deviam seguir. O verdadeiro segredo do cristianismo descansa nesse grande tributo que recebeu uma vez John Knox: Temia tanto a Deus que nunca teve medo de enfrentar o homem". Quando o carrasco de Perpétua (uma jovem cristã martirizada em Cartago (século III) a estava intimidando na arena da morte, ela disse: "Viva, eu te vencerei; na minha morte, vencer-te-ei ainda mais". 

Uma vez o enviado papal ameaçou Martinho Lutero com o que aconteceria se continuava em seu caminho e o preveniu que no final todos os seus seguidores o abandonariam. "Para onde irão então?", perguntou-lhe. Lutero respondeu: "Então como agora estarei nas mãos de Deus". Para o cristão os que são por nós são sempre mais que os que são contra nós.

Mas o terceiro ponto de sua defesa era o mais grandioso. Era o argumento de uma experiência pessoal de Jesus Cristo (Atos 4.20). Como disseram Pedro e João, não podiam deixar de falar a respeito daquelas coisas que tinham visto e ouvido pessoalmente. Sua mensagem não era uma história que lhes tinha irradiado. Sabiam que era certo em forma direta; e estavam tão seguros disso que estavam dispostos a arriscar a vida.

Uma igreja que ora (Atos 4:23-31) 


 Primeiro, Ele é o Deus da criação (v.24); Segundo, ele é o Deus da revelação, que falou por intermédio do Espírito Santo por boca de ...Davi, e que no Salmo 2 tinha predito a oposição do mundo ao seu Cristo, com os gentios enfurecidos, povos imaginando coisas vãs, reis se levantando e autoridades ajuntando-se contra o Ungido do Senhor (vs. 25-26); Terceiro: Ele é o Deus da história, que fez com que até os seus inimigos (Herodes e Pilatos, os gentios e judeus, unidos numa mesma conspiração contra Jesus, v.27) fizessem tudo o que a mão e o propósito de Deus predeterminaram.  Vemos, tres verbos: "fizeste"(v.24), "disseste" (v.25) e "predeterminaste" (v.28).

A igreja fez tres pedidos principais: O primeiro era que OLHASSE PARA SUAS AMEAÇAS (v.29 a). O segundo pedido era que Deus os capacitasse a serem seus servos (literalmente "escravos") para falar da sua Palavra com toda a intrepidez (v.29 b). A terceira petição era para que Deus lhes estendesse a mão para fazer curas, sinais e prodígios, por intermédio do nome... Jesus (v.30, Atos 5.12).

Em resposta a essa oração sincera e unânime: 1) tremeu o lugar e, segundo comentou Crisóstomo "aquilo os tornou mais inabaláveis"; 2) todos ficaram cheios do Espírito Santo; e 3) em resposta aos seu pedido especifico  (v.29), anunciavam a palavra de Deus, com intrepidez (v.31). 

1)    Uma comunidade que amava (Atos 4:32-36) e Barnabé.
Ø 1) Eles tinham tudo em comum (v.32); ninguém considerava  suas as propriedades; 2) uma decisão radical: “porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes, e depositavam aos pés dos apóstolos, para que pudessem distribuí-los (VS. 34b-35); 3) a atitude radical e a ação prática baseavam-se no principio de que a distribuição seria proporcional à necessidade real “conforme alguém tinha necessidade” e Lucas declara a consequência da distribuição criteriosa de ajuda: nenhum necessitado havia entre eles (v.34ª).

1.1)         Barnabé – um exemplo.
·        Quem era Barnabé? Barnabé (filho da consolação) era cognome dado pelos apóstolos a José, levita, levita natural de Chipre (At 4:36), devido a sua prontidão em ajudar. Filho da consolação. Encorajador. Companheiro. Parceiro. Que está ao lado.  O que ele fez? : o espírito coletivo dos primeiros cristãos que ninguém considerava seu, tudo era compartilhado com os mais necessitados. Barnabé vendeu um campo e colocou aos pés dos apóstolos. Generosidade É a capacidade de voluntariamente querer ter menos.

2)    Ananias e Safira.
·        A história da mentira e morte desse casal é importante por vários motivos. Ela ilustra a honestidade de Lucas como historiador; ele não omitiu este sórdido episódio. Nem tudo era romântico e justo!

“Uma vez um pintor da corte pintou o retrato de Oliver Cromwell. Cromwell tinha a cara desfigurada por verrugas. O pintor, pensando agradar o grande homem, omitiu as verrugas. Quando Cromwell viu o retrato disse: "Leva-o, e me pinte com verrugas e tudo"

·        Esta história é mais um exemplo da estratégia de Satanás. Esse relato é um paralelo entre Ananias e Acã – aquele que roubou dinheiro e roupas após a destruição de Jericó (Js 7: 20-22).  O PECADO DE ANANIAS. Ananias reteve parte do dinheiro, o verbo empregado por Lucas é “apropriar-se indevidamente”. A mesma palavra usada na Septuaginta em relação ao roubo de Acã, esse verbo significa roubar.

·        Antes da venda, Ananias e Safira, assumiram algum tipo de compromisso no sentido de darem à igreja todo o dinheiro. HIPOCRISIA. 


A apóstolo não denunciou a falta de honestidade mas a falta de integridade (trazer apenas uma parte, fingido que era todo o dinheiro). Eles não eram avarentos; eram ladrões e sobretudo – mentirosos. Querem o crédito e o prestigio sacrificial, sem incoveniências. “A motivação do casal, não era aliviar os pobres, mas inflar o próprio ego” (Atos 5:3-11).

Conclusão: lições.

·        Em primeiro lugar, a gravidade do pecado de Ananias e Safira. A mentira deles não foi dirigida ao Espírito Santo, isto é, a Deus. E Deus odeia a hipocrisia. Mas Ananias e Safira também pecaram contra a igreja (v.11). A falsidade acaba com a comunhão.

·        Em segundo lugar, a importância da consciência humana. Lucas registra a afirmação de Paulo perante Festo de que ele sempre procurou manter sua “consciência” pura diante de Deus e dos homens (Atos 24.16). Parece ser isto o que João quis dizer com “andar na luz”. É ter uma vida transparente diante de Deus, sem engano ou evasivas, cuja consequência é termos “comunhão uns com os outros”.  “Viver numa casa sem telhados, ou seja, de não permitir que nada se ponha entre eles e Deus ou entres eles e outras pessoas. Essa abertura que Ananias e Safira não conseguiram manter”.

·        Em terceiro lugar, esse incidente nos ensina que é necessário haver disciplina na igreja. Nessa área,  a igreja tem oscilado entre a severidade extrema (disciplinando membros pelas ofensas mais triviais) e a permissividade extrema (não exercendo nenhuma disciplina, mesmo em casos de ofensas sérias).


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