A raposa, o Funeral
e o Arado (Lucas 9:57-62).
“Indo eles caminho
fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas tem seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
homem não tem onde reclinar a cabeça.
A outro disse Jesus:
Segue-me. Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas
Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém,
vai e prega o reino de Deus.
Outro lhe disse: Seguir-tei-ei,
Senhor mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou:
Ninguém que, tendo posto a mão no arado olha para trás, e apto para o reino de
Deus”.
·
O
primeiro é atraído para se juntar a comunidade de discípulos. Ninguém o está
recrutando. No entanto, ele não entende que “seguir” significa Getsêmane, e
Gólgota, sepulcro. A idéia de seguir um filho do homem rejeitado, ocorreria
como choque dissonante para qualquer judeu do século I. O leitor de Lucas já foi informado de que “é
necessário que o Filho do homem sofra” (Lc 9:22).
·
A
idéia não é apenas: “Voce também pode vir a sofrer privações; já pensou nisto?”
mas também: “Sejam quais forem os seus motivos, tenha em mente que você está se
oferecendo para seguir um líder rejeitado. Os animais sempre, no caso, as aves
tem algum lugar para descansar, mas o Filho do homem não tem nenhum.
·
As
“aves dos céus” referiam-se às nações gentílicas. Enquanto que a “raposa” era símbolo
dos amonitas que era um povo racialmente apararentado, mas politicamente
inimigo de Israel. Ou seja, as aves dos céus – os senhores romanos -, e as
raposas – os intrusos idumeus (Herodes), tornaram sua posição segura. O
verdadeiro discípulo é deserdado por eles.
·
Ou
seja, Jesus estava afirmando: “Olhem se vocês querem poder e influencia, vão
para as “aves” que “revestem de penas os seus ninhos por toda parte”. Sigam a “raposa”,
que dirige os seus negócios com muita astucia. É serio que vocês querem seguir
um Filho do homem rejeitado? O VOLUNTÁRIO NÃO RESPONDE...
·
“Deixa-me
ir sepultar” significa: deixa-me ir e servir meu pai enquanto ele é vivo;
depois que ele morrer, eu o sepultarei e virei”. Este discípulo está olhando
para o futuro distante, pois adia a sua decisão de seguir a Jesus para um tempo
posterior à morte do seu pai.
·
A
frase “enterrar o pai” é expressão idiomática tradicional que se refere
especificamente aos deveres do filho de ficar em casa e cuidar de seus pais até
que eles jazam em paz, para descansar com todo o respeito.
·
A
recruta está dizendo: a minha comunidade me faz certas exigências, e a força
dessas exigências é muito grande. Certamente o senhor não espera que eu frustre
as expectativas da minha comunidade, não é? Sim, é isso, responde Jesus.
·
Certamente
lhe será permitido ir até em casa e dizer adeus! Eliseu, quando chamado para
seguir Elias, pediu tempo para “beijar a meu pai e a minha mãe” (1 Rs 19.20). A
sua solicitação lhe foi concedida, e ele teve tempo até para matar e assar uma
parelha de bois.
·
A
palavra grega tradicionalmente traduzida como “dizer adeus” é apotassó. Pode
significar “dizer adeus” ou “partir de”. Ocorre quatro vezes no Novo
Testamento: Mc 6:46: “Tendo-os despedido, subiu ao monte...”; Atos 18:18: “Mas
Paulo... despedindo-se dos irmãos...”; Atos 18.21: “Mas, despedindo-se disse:”;
II Co 2.13: “não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles...”.
Só em Lucas 9.60 encontramos o mesmo verbo grego traduzido como “dizer adeus”.
·
A
pessoa que está indo embora precisa pedir permissão para aqueles que estão
ficando. As pessoas que ficam podem “dizer adeus” para os que estão indo
embora. A pessoa que sai pede permissão para ir. Ela diz: “Com sua permissão?”
Os que ficam então respondem: “que você possa ir em segurança”.
·
A
idéia é que o voluntário está pedindo o direito de ir para casa e obter
permissão dos “de casa” (isto é, seus pais). Todas as pessoas que ouviram o
diálogo sabiam que naturalmente o seu pai iria recusar-se a permitir que o seu
filho saísse a vaguear em um empreendimento duvidoso. Desta forma, a desculpa
do voluntário é apresentada propositalmente.
·
O
discípulo está dizendo: “Vou te seguir, Senhor, mas é claro que a autoridade de
meu pai é maior do que a Tua, e eu preciso ter a permissão dele antes de me
aventurar pelo mundo contigo”. O que
aprendemos é que Jesus estava reivindicando uma autoridade superior à do pai desse rapaz!~
·
O
que fazer? Aceitação ou rejeição!?!
Conclusão:
“Ninguém que põe a sua mão no arado e olha para trás, é apto
para o reino de Deus”. Quem quiser
seguir a Jesus precisa estar resolvido a quebrar todos os laços com o passado,
e fixar os olhos apenas no Reino vindouro de Deus.
Bibliografia: As parabolas de Lucas - Kenneth E. Bayley - Vida Nova.
as parabolas de lucas kenneth bailey
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