quinta-feira, 1 de maio de 2014

A raposa, o Funeral e o Arado (Lucas 9:57-62).




“Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas tem seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

A outro disse Jesus: Segue-me. Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus.

Outro lhe disse: Seguir-tei-ei, Senhor mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado olha para trás, e apto para o reino de Deus”.

1)    1) A raposa 

·        O primeiro é atraído para se juntar a comunidade de discípulos. Ninguém o está recrutando. No entanto, ele não entende que “seguir” significa Getsêmane, e Gólgota, sepulcro. A idéia de seguir um filho do homem rejeitado, ocorreria como choque dissonante para qualquer judeu do século I.  O leitor de Lucas já foi informado de que “é necessário que o Filho do homem sofra” (Lc 9:22).

·        A idéia não é apenas: “Voce também pode vir a sofrer privações; já pensou nisto?” mas também: “Sejam quais forem os seus motivos, tenha em mente que você está se oferecendo para seguir um líder rejeitado. Os animais sempre, no caso, as aves tem algum lugar para descansar, mas o Filho do homem não tem nenhum.

·        As “aves dos céus” referiam-se às nações gentílicas. Enquanto que a “raposa” era símbolo dos amonitas que era um povo racialmente apararentado, mas politicamente inimigo de Israel. Ou seja, as aves dos céus – os senhores romanos -, e as raposas – os intrusos idumeus (Herodes), tornaram sua posição segura. O verdadeiro discípulo é deserdado por eles.

·        Ou seja, Jesus estava afirmando: “Olhem se vocês querem poder e influencia, vão para as “aves” que “revestem de penas os seus ninhos por toda parte”. Sigam a “raposa”, que dirige os seus negócios com muita astucia. É serio que vocês querem seguir um Filho do homem rejeitado? O VOLUNTÁRIO NÃO RESPONDE...

2)    O funeral 

·        “Deixa-me ir sepultar” significa: deixa-me ir e servir meu pai enquanto ele é vivo; depois que ele morrer, eu o sepultarei e virei”. Este discípulo está olhando para o futuro distante, pois adia a sua decisão de seguir a Jesus para um tempo posterior à morte do seu pai.

·        A frase “enterrar o pai” é expressão idiomática tradicional que se refere especificamente aos deveres do filho de ficar em casa e cuidar de seus pais até que eles jazam em paz, para descansar com todo o respeito.

·        A recruta está dizendo: a minha comunidade me faz certas exigências, e a força dessas exigências é muito grande. Certamente o senhor não espera que eu frustre as expectativas da minha comunidade, não é? Sim, é isso, responde Jesus.

3)    O arado 
·        Certamente lhe será permitido ir até em casa e dizer adeus! Eliseu, quando chamado para seguir Elias, pediu tempo para “beijar a meu pai e a minha mãe” (1 Rs 19.20). A sua solicitação lhe foi concedida, e ele teve tempo até para matar e assar uma parelha de bois.

·        A palavra grega tradicionalmente traduzida como “dizer adeus” é apotassó. Pode significar “dizer adeus” ou “partir de”. Ocorre quatro vezes no Novo Testamento: Mc 6:46: “Tendo-os despedido, subiu ao monte...”; Atos 18:18: “Mas Paulo... despedindo-se dos irmãos...”; Atos 18.21: “Mas, despedindo-se disse:”; II Co 2.13: “não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles...”. Só em Lucas 9.60 encontramos o mesmo verbo grego traduzido como “dizer adeus”.

·        A pessoa que está indo embora precisa pedir permissão para aqueles que estão ficando. As pessoas que ficam podem “dizer adeus” para os que estão indo embora. A pessoa que sai pede permissão para ir. Ela diz: “Com sua permissão?” Os que ficam então respondem: “que você possa ir em segurança”.

·        A idéia é que o voluntário está pedindo o direito de ir para casa e obter permissão dos “de casa” (isto é, seus pais). Todas as pessoas que ouviram o diálogo sabiam que naturalmente o seu pai iria recusar-se a permitir que o seu filho saísse a vaguear em um empreendimento duvidoso. Desta forma, a desculpa do voluntário é apresentada propositalmente.

·        O discípulo está dizendo: “Vou te seguir, Senhor, mas é claro que a autoridade de meu pai é maior do que a Tua, e eu preciso ter a permissão dele antes de me aventurar pelo mundo contigo”.  O que aprendemos é que Jesus estava reivindicando uma autoridade superior à do pai  desse rapaz!~

·        O que fazer? Aceitação ou rejeição!?!


Conclusão: 

“Ninguém que põe a sua mão no arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus”.  Quem quiser seguir a Jesus precisa estar resolvido a quebrar todos os laços com o passado, e fixar os olhos apenas no Reino vindouro de Deus. 


Bibliografia: As parabolas de Lucas - Kenneth E. Bayley - Vida Nova. 

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