terça-feira, 6 de maio de 2014

A pedra removida e a comissão universal (Mc 16.1-20).



As mulheres se enfrentavam com três dificuldades. A pedra em si mesma era gigantesca; estava selada com o selo da lei e era custodiada pelos representantes da autoridade.

Diante da humanidade se apresentavam as mesmas três dificuldades. A morte mesma era uma pedra gigantesca que não podia ser removida por nenhuma força conhecida para os mortais: a morte era evidentemente enviada por Deus como um castigo pelas ofensas contra Sua lei. Portanto, como poderia ser apartada, como poderia ser removida? O selo vermelho da vingança de Deus estava posto à entrada do sepulcro. Como o selo poderia ser anulado? Quem poderia rodar a pedra? Ademais, as forças do demônio e os poderes do inferno guardavam o sepulcro para impedir qualquer fuga; quem poderia enfrentar-se com elas e levar as almas dos mortos, arrancadas como uma presa de entre a boca do leão?
“Quem?”, e o eco respondia: “Quem?” Nenhuma resposta foi dada a sábios nem reis, mas as mulheres que amavam ao Salvador receberam a resposta. Chegaram ao sepulcro de Cristo, mas esse estava vazio, pois Jesus havia ressuscitado.
A história da Páscoa não termina com um funeral, mas, sim, com uma festa. O túmulo vazio de Cristo foi o berço da Igreja. Sem a ressurreição de Jesus não haveria nem cristianismo nem Igreja, pois ela é o coração da nossa fé. O cristianismo é acima de tudo a religião da ressurreição. A Igreja é primariamente chamada a comunidade da ressurreição.

1)    Primeiro dia da semana (vss. 1 e 2);
·        É digno observar que as mulheres vão ao sepulcro no primeiro dia da semana (16.2). Jesus levantou-se da morte no primeiro dia da semana (16.6). Ele derramou o seu Espírito no Pentecostes no primeiro dia da semana (At 2.1-4). No primeiro dia da semana a Igreja passou a reunir-se para a comunhão (At 20.7) e para fazer suas ofertas (1Co 16.2). João viu o Cristo glorificado na Ilha de Patmos no primeiro dia da semana (Ap 1.10). O primeiro dia da semana tornou-se o dia da celebração do povo de Deus, a celebração da vitória sobre a morte.

2)    Uma preocupação desnecessária (16.3-4).
·        As mulheres, enquanto caminham para o túmulo de Jesus, se desgastam com uma preocupação desnecessária: “Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?” O anjo não removeu a pedra para deixar o Senhor sair, mas para demonstrar que Ele já não estava mais no sepulcro. A porta foi removida não de fora para dentro, mas de dentro para fora.

·        A preocupação tem a capacidade de roubar nossas energias e tirar os nossos olhos do foco. As mulheres bem como os discípulos não discerniram as palavras de Jesus, quando este, várias vezes, falou sobre sua ressurreição. A falta de compreensão da Palavra de Deus gera em nós preocupação.

3)    Um fato incontroverso (16.5-7).
·        Em primeiro lugar, a pedra removida (16.4). A pedra removida deve ser considerada a porta do sepulcro removida. A casa da morte estava fortemente guardada por uma grande pedra e pelo sinete de Pilatos. A pedra foi removida e Cristo saiu vivo, vitorioso e triunfante. Você pode visitar o túmulo de Buda, Confúcio, Maomé e Alan Kardec, mas o túmulo de Jesus está vazio. O apóstolo Paulo diz que se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação; é vã a nossa fé (1Co 15.14-19).

·        Em segundo lugar, o testemunho angelical (16.5,6). O anjo vestido de branco está assentado ao lado direito do túmulo. Mateus nos informa que está assentado na própria pedra removida do túmulo. Enquanto os guardas estão desmaiados, o anjo está sobranceiro proclamando que Jesus não está mais no túmulo.

·        Em terceiro lugar, o túmulo vazio (16.6). “Vede o lugar onde o tinham posto”. As mulheres entraram no túmulo e viram o lugar vazio (16.6). Mateus diz que Pedro ao ser informado sobre a ressurreição de Cristo correu ao sepulcro. E, abaixando-se, nada mais viu, senão os lençóis de linho; e retirou-se para casa, maravilhado do que havia acontecido (Lc 24.12).

4)    Uma mensagem consoladora (16.7).
·        Em primeiro lugar, o Cristo ressurreto é o Deus da restauração (16.7). Os mesmos discípulos que prometeram fidelidade até à morte (14.31) e fugiram (14.50), são alvos do cuidado restaurador de Jesus (16.7). Ele como o bom, o grande e o supremo pastor busca as ovelhas desviadas para restaurá-las.

·        Em segundo lugar, o Cristo ressurreto é o Deus que vai à nossa frente (16.7). Não precisamos temer o futuro, porque aquele que morreu e venceu a morte por nós vai à nossa frente. Ser cristão é seguir as pegadas do Cristo ressurreto que vai à nossa frente. Ser cristão é estar a caminho. O cristianismo é a religião do Caminho e Cristo é esse caminho.

·        Em terceiro lugar, o Cristo ressurreto é aquele que nos enche de espanto e santo temor (16.8). Marcos apresenta a complexidade de emoções manifestadas pelas mulheres com: tromos (tremendo); ekstasis (atônitas); phobeo (temer) e exethambethesan (alarmadas). Imediatamente, após o espanto, elas com grande alegria correram para comunicar a mensagem da ressurreição aos discípulos (Mt 28.8). Lucas registra: “E, voltando do túmulo, anunciaram todas estas cousas aos onze e a todos os mais que com eles estavam” (Lc 24.9).

5)    Uma comissão universal (16.15-20).
·        Em primeiro lugar, a boa nova é o próprio Jesus (16.15). As boas-novas (euangelion) é uma das palavras favoritas de Marcos. Ele a usa sete vezes (1.1,14,15; 8.35; 10.29; 13.10; 14.9). Para Marcos, a história de Jesus é a boa nova a ser proclamada. O evangelho é a mensagem de que Deus está agindo por meio de Jesus, seu Filho, trazendo libertação ao cativo, quebrando o poder do diabo, do pecado e da morte.

·        Em segundo lugar, a boa nova de Jesus precisa ser pregada (16.15). O verbo pregar é outra palavra favorita de Marcos. Ela é encontrada quatorze vezes nesse evangelho, enquanto só aparece nove vezes em Mateus e Lucas. Jesus chamou seus discípulos para pregar (3.14) e os enviou a pregar (6.12). Agora, Jesus ordena seus discípulos a pregar em todo o mundo.

·        Em terceiro lugar, a boa nova de Jesus precisa ser recebida (16.16). O evangelho somente é experimentado como boas-novas quando é recebido e crido. A Palavra de Deus é como espada de dois gumes, ao mesmo tempo em que traz vida, também sentencia com a morte. A Igreja é perfume de vida e também de morte, pois ninguém pode ficar neutro diante da mensagem do evangelho que ela proclama. Aos que recebem a mensagem, a Igreja é cheiro de vida para a vida, porém, àqueles que rejeitam as boas-novas, ela é cheiro de morte para a morte.

·        Em quarto lugar, a boa nova de Jesus precisa ser confirmada (16.17,18). A grande ênfase de Marcos é que quando a Igreja proclama a mensagem de Deus, o próprio Deus confirma essa mensagem com a manifestação do seu poder (1Co 2.4; 1Ts 1.5), transformando vidas, atraindo as pessoas irresistivelmente pelo seu poder sobrenatural. A Igreja é chamada para ser um sinal do Cristo vivo e ressurreto no mundo.

Conclusão:
·        Cristo é coroado à destra de Deus Pai (16.19). Sua obra foi consumada. Seu sacrifício foi aceito. Ele que se humilhou foi exaltado sobremaneira (Fp 2.8-11).


·        a Igreja em parceria com o Senhor realiza sua obra (16.20). Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperou com eles confirmando a palavra por meio de sinais. A pregação do evangelho foi realizada com palavra e poder.

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