A pedra removida e a comissão universal (Mc 16.1-20).
As
mulheres se enfrentavam com três dificuldades. A pedra em si mesma era
gigantesca; estava selada com o selo da lei e era custodiada pelos
representantes da autoridade.
Diante da humanidade se apresentavam as mesmas três
dificuldades. A morte mesma era uma pedra gigantesca que não podia ser removida
por nenhuma força conhecida para os mortais: a morte era evidentemente enviada
por Deus como um castigo pelas ofensas contra Sua lei. Portanto, como poderia
ser apartada, como poderia ser removida? O selo vermelho da vingança de Deus
estava posto à entrada do sepulcro. Como o selo poderia ser anulado? Quem
poderia rodar a pedra? Ademais, as forças do demônio e os poderes do inferno
guardavam o sepulcro para impedir qualquer fuga; quem poderia enfrentar-se com
elas e levar as almas dos mortos, arrancadas como uma presa de entre a boca do
leão?
“Quem?”, e o eco respondia: “Quem?” Nenhuma resposta foi dada a
sábios nem reis, mas as mulheres que amavam ao Salvador receberam a resposta.
Chegaram ao sepulcro de Cristo, mas esse estava vazio, pois Jesus havia
ressuscitado.
A história
da Páscoa não termina com um funeral, mas, sim, com uma festa. O túmulo vazio
de Cristo foi o berço da Igreja. Sem a ressurreição de Jesus não haveria nem cristianismo nem Igreja, pois
ela é o coração da nossa fé. O cristianismo é acima de tudo a religião da
ressurreição. A Igreja é primariamente chamada a comunidade da ressurreição.
1) Primeiro dia da semana (vss. 1 e 2);
·
É digno observar
que as mulheres vão ao sepulcro no primeiro dia da semana (16.2). Jesus
levantou-se da morte no primeiro dia da semana (16.6). Ele derramou o seu
Espírito no Pentecostes no primeiro dia da semana (At 2.1-4). No primeiro dia
da semana a Igreja passou a reunir-se para a comunhão (At 20.7) e para fazer
suas ofertas (1Co 16.2). João viu o Cristo glorificado na Ilha de Patmos no
primeiro dia da semana (Ap 1.10). O primeiro dia da semana tornou-se o dia da
celebração do povo de Deus, a celebração da vitória sobre a morte.
2) Uma preocupação
desnecessária (16.3-4).
·
As mulheres,
enquanto caminham para o túmulo de Jesus, se desgastam com uma preocupação
desnecessária: “Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?”
O anjo não removeu a pedra para deixar o Senhor
sair, mas para demonstrar que Ele já não estava mais no sepulcro. A porta foi
removida não de fora para dentro, mas de dentro para fora.
·
A
preocupação tem a capacidade de roubar nossas energias e tirar os nossos olhos
do foco. As mulheres bem como os discípulos não discerniram as palavras de
Jesus, quando este, várias vezes, falou sobre sua ressurreição. A falta de
compreensão da Palavra de Deus gera em nós preocupação.
3) Um fato incontroverso (16.5-7).
·
Em primeiro
lugar, a pedra removida (16.4). A pedra removida deve ser considerada a
porta do sepulcro removida. A casa da morte estava fortemente guardada por uma
grande pedra e pelo sinete de Pilatos. A pedra foi removida e Cristo saiu vivo,
vitorioso e triunfante. Você pode visitar o túmulo de Buda, Confúcio, Maomé e Alan Kardec, mas o
túmulo de Jesus está vazio. O apóstolo Paulo diz que se Cristo não ressuscitou
é vã a nossa pregação; é vã a nossa fé (1Co 15.14-19).
·
Em segundo
lugar, o testemunho angelical (16.5,6). O anjo vestido de branco está
assentado ao lado direito do túmulo. Mateus nos informa que está assentado na
própria pedra removida do túmulo. Enquanto os guardas estão desmaiados, o anjo
está sobranceiro proclamando que Jesus não está mais no túmulo.
·
Em terceiro
lugar, o túmulo vazio (16.6). “Vede o lugar onde o tinham posto”. As mulheres entraram no túmulo e
viram o lugar vazio (16.6). Mateus diz que Pedro ao ser informado sobre a
ressurreição de Cristo correu ao sepulcro. E, abaixando-se, nada mais viu,
senão os lençóis de linho; e retirou-se para casa, maravilhado do que havia
acontecido (Lc 24.12).
4) Uma mensagem
consoladora (16.7).
·
Em primeiro lugar, o Cristo
ressurreto é o Deus da restauração (16.7). Os mesmos discípulos que
prometeram fidelidade até à morte (14.31) e fugiram (14.50), são alvos do
cuidado restaurador de Jesus (16.7). Ele como o bom, o grande e o supremo
pastor busca as ovelhas desviadas para restaurá-las.
·
Em segundo
lugar, o Cristo ressurreto é o Deus que vai à nossa frente (16.7). Não
precisamos temer o futuro, porque aquele que morreu e venceu a morte por nós
vai à nossa frente. Ser cristão é seguir as pegadas do Cristo ressurreto que vai à nossa
frente. Ser cristão é estar a caminho. O cristianismo é a religião do Caminho e
Cristo é esse caminho.
·
Em terceiro
lugar, o Cristo ressurreto é aquele que nos enche de espanto e santo temor
(16.8). Marcos apresenta a complexidade de emoções manifestadas pelas mulheres
com: tromos (tremendo); ekstasis (atônitas); phobeo
(temer) e exethambethesan (alarmadas).
Imediatamente, após o espanto, elas com grande alegria correram para
comunicar a mensagem da ressurreição aos discípulos (Mt 28.8). Lucas registra:
“E, voltando do túmulo, anunciaram todas estas cousas aos onze e a todos os
mais que com eles estavam” (Lc 24.9).
5)
Uma comissão universal (16.15-20).
·
Em primeiro
lugar, a boa nova é o próprio Jesus (16.15). As boas-novas (euangelion)
é uma das palavras favoritas de Marcos. Ele a usa sete vezes (1.1,14,15; 8.35;
10.29; 13.10; 14.9). Para Marcos, a história de Jesus é a boa nova a ser
proclamada. O evangelho é a mensagem de que Deus está agindo por meio de Jesus,
seu Filho, trazendo libertação ao cativo, quebrando o poder do diabo, do pecado
e da morte.
·
Em segundo
lugar, a boa nova de Jesus precisa ser pregada (16.15). O verbo pregar
é outra palavra favorita de Marcos. Ela é encontrada quatorze vezes nesse
evangelho, enquanto só aparece nove vezes em Mateus e Lucas.
Jesus chamou seus discípulos para pregar (3.14) e os enviou a pregar
(6.12). Agora, Jesus ordena seus discípulos a pregar em todo o mundo.
·
Em terceiro lugar, a boa
nova de Jesus precisa ser recebida (16.16). O evangelho somente é
experimentado como boas-novas quando é recebido e crido. A Palavra de Deus é
como espada de dois gumes, ao mesmo tempo em que traz vida, também sentencia
com a morte. A Igreja é perfume de vida e também de morte, pois ninguém pode
ficar neutro diante da mensagem do evangelho que ela proclama. Aos que recebem
a mensagem, a Igreja é cheiro de vida para a vida, porém, àqueles que rejeitam
as boas-novas, ela é cheiro de morte para a morte.
·
Em quarto
lugar, a boa nova de Jesus precisa ser confirmada (16.17,18).
A grande ênfase de Marcos é que quando a Igreja proclama a mensagem de
Deus, o próprio Deus confirma essa mensagem com a manifestação do seu poder
(1Co 2.4; 1Ts 1.5), transformando vidas, atraindo as pessoas irresistivelmente
pelo seu poder sobrenatural. A Igreja é chamada para ser um sinal do Cristo vivo
e ressurreto no mundo.
Conclusão:
·
Cristo é
coroado à destra de Deus Pai (16.19).
Sua obra foi consumada. Seu sacrifício foi aceito. Ele que se humilhou foi
exaltado sobremaneira (Fp 2.8-11).
·
a Igreja em
parceria com o Senhor realiza sua obra (16.20). Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor
cooperou com eles confirmando a palavra por meio de sinais. A pregação do
evangelho foi realizada com palavra e poder.
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