domingo, 10 de fevereiro de 2013


“Carta na carteira”



Uma linda de história de amor. A História de Hannah e Michael.


Em setembro de 1985, a revista Seleções publicou uma história intitulada “Carta na carteira”, escrita por Arnold Fine. Fine conta como, em um dia de frio cortante, encontrou uma carteira na rua. Ela continha apenas três dólares, e uma carta amassada, que obviamente havia sido carregada  durante muitos anos. A carta datava de 60 anos antes, e começava com “Querido Michael”. Escrita com beleza e palavras tristes, a carta rompia um romance devido à exigência paterna. A última linha prometia: “Eu te amarei para sempre, Michael”, e estava assinada: “Sua Hannah”.

            Fine decidiu procurar o dono da carteira. Usando o endereço de Hannah, ainda legível no envelope, finalmente conseguiu um número de telefone. Porém, quando ligou, ficou desapontado (mas não surpreso) ao saber que Hannah e sua família tinham se mudado daquela casa há muitos anos. A pessoa do outro lado da linha, entretanto, sabia o nome da casa de repouso para a qual a mãe de Hannah havia sido levada. Assim, Fine ligou para a casa de repouso e descobriu que a mãe de Hannah havia falecido muito tempo antes.  Quando explicou sua intenção, entretanto, lhe deram o endereço e o número de Hannah, que tinham no arquivo. Ele telefonou para o número dado e ficou sabendo que Hannah estava agora morando em uma casa de repouso. Fine perguntou o nome do local, e achou o número do telefone. Rapidamente, confirmou que Hannah realmente residia lá. Tão logo pôde, Fine foi visitar a casa e conversar com Hannah.
        
    O diretor esperou na porta, e informou que Hannah estava vendo televisão no terceiro andar. Uma acompanhante logo o levou até lá, e saiu. Fine se apresentou a Hannah e explicou como havia encontrado a carta na carteira. Mostrou-lhe a carta, e perguntou se era ela a remetente.

            “Sim”, respondeu Hannah, “eu mandei esta carta para Michael porque eu tinha dezesseis anos e minha mãe não queria que nos encontrássemos mais. Ele era muito bonito, sabe, como Sean Connery”. Fine viu o brilho de seus olhos e a alegria em seu rosto quando falou do amor por Michael. “Sim, Michael Goldstein era seu nome. Se você encontrá-lo, diga que penso nele com muita freqüência e que nunca me casei. Ninguém nunca se igualou a ele”, ela declarou, enxugando as lágrimas discretamente. Fine agradeceu pela gentileza e foi embora.

            Quando estava saindo, o guarda de segurança na porta perguntou-lhe sobre a visita. Fine contou a história, e disse: “Pelo menos fiquei sabendo o sobrenome dele. Seu nome era Michael Goldstein”.

            “Goldstein?” repetiu o guarda. “Há um Mike Goldstein que mora aqui, no oitavo andar”. Fine virou-se e subiu novamente, dessa vez até o oitavo andar, onde perguntou por Michael Goldstein. Quando o encaminharam até o cavalheiro, ele perguntou: “Perdeu sua carteira?”.

            “Sim, eu a perdi ao sair para uma caminhada, há alguns dias”, Michael respondeu.

            Fine lhe entregou a carteira e perguntou se era a sua. Michael ficou encantado ao vê-la novamente, cheio de gratidão por Fine tê-la encontrado e devolvido. Estava começando a agradecer, quando Fine o interrompeu.

            “Tenho algo a lhe dizer”, admitiu Fine. “Li a carta que está na sua carteira”.

            Pedro desprevenido, Michael fez uma pausa momentânea, e depois perguntou: “Você leu a carta?”.

            “Sim, senhor, tenho uma notícia para lhe dar, continou Fine. “Acho que sei onde Hannah está”.

            Michael ficou pálido. “Sabe onde ela está? Como ela está?”.

            “Ela está bem, e tão bonita como quando a conheceu”.

            “Poderia me dizer onde ela está? Eu adoraria falar com ela. Sabe quando recebi a carta, minha vida mudou. Nunca me casei. Nunca deixei de amá-la”.

            “Venha comigo”, disse Fine. Segurando Michael pelo cotovelo, caminharam até o elevador, e desceram ao terceiro andar. Nesse momento, o diretor do prédio já havia se juntado a eles. E foram até o quarto de Hannah.

            “Hannah, sussurrou o diretor, indicando Michael. “Você conhece este homem?”.

            Ela ajustou os ósculos para o homem, enquanto vasculhava sua memória. Então, com a voz engasgada, Michael falou: “Hannah, sou eu, Michael”. Ela levantou-se, enquanto ele se encaminhava para ela. Eles se abraçaram e ficaram juntos por um longo tempo. Depois, sentaram-se, de mãos dadas e, entre lágrimas, preencheram as lacunas deixadas na história de vida dos dois. O Sr. Fine e o diretor, não desejando se intrometer em um momento sagrado, saíram do quarto, deixando os dois sozinhos para  vivenciarem o reencontro.

            Três semanas mais tarde, Arnold Fine recebeu um convite para assistir à cerimônia de casamento de Hannah, de 76 anos de idade, e Michael, de 78. Fine conclui a história dizendo: “Como é boa a obra do Sennhor”. 

Um comentário: